segunda-feira, 17 de junho de 2013

O desfecho verdadeiramente trágico do paço de Vila Viçosa

     O desfecho verdadeiramente trágico do paço de Vila Viçosa





     Em 1502, D. Leonor de Mendonça filha do 3º duque de Medina Sidónia. Vem para Lisboa, e segue para Vila Viçosa, onde habitará o castelo com D. Isabel, sua sogra, até o matrimónio poder ser efectivado. Apesar de não se saber ao certo a data dos verdadeiros esponsais de D. Jaime com D. Leonor, pensa-se que os mesmos terão ocorrido por volta de 1504. Mas esta ligação teve um início muito atribulado, o desfecho foi verdadeiramente trágico: depois de acertado o contrato nupcial, o jovem duque é acometido de «fortes ataques de melancolia» e resolve abraçar a vida religiosa.
    D. Jaime sai do país em direcção a Roma, a fim de solicitar ao Papa a anulação do seu matrimónio, para depois poder ingressar no convento do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Deixa uma carta que só deveria ser entregue ao Rei quando o duque já estivesse longe. Contudo, o frade franciscano da piedade, convento de Vila Viçosa, que recebe a missiva, temendo uma possível represália real, resolve levá-la ao monarca dois dias depois. D. Manuel fica furioso. Envia fidalgos da sua confiança no encalço do fugitivo para lhe ordenarem que volte imediatamente.
     «D. Jaime é Chamado à presença do Rei D. Manuel em Évora, e aconselhado a consumar o matrimónio para viver com sua esposa e vir a ter filhos. Que passasse o seu tempo da forma mais divertida, com os carinhos da mulher e na afeição aos filhos.»
     Sem grandes alternativas, D. Jaime, que não gostava de viver na Alcáçova do castelo velho de Vila Viçosa, mandara edificar fora das muralhas da vila, um novo paço no sítio da Horta do Reguengo.



Passaram-se dez anos sem que se notasse entre os conjugues esposos algum facto digno de menção.
 A 2 de Novembro de 1512, D. Jaime, suspeitando que sua mulher mantinha relações amorosas com António Alcoforado, fidalgo de sua Casa, mandou-o prender, “num acesso de ciúme, ordenou ao seu capelão que o fosse confessar, e logo depois da confissão o mandou matar no próprio palácio de Vila Viçosa. “


     A 1512 as intrigas ferviam no paço. Para muitos era óbvio que a jovem duquesa, de 23 anos, deixada ao esquecimento por seu marido D. Jaime de Bragança, viesse a ter inclinação muito especial por António Alcoforado, de 16 anos, pajem de seu filho D. Teodósio., que lhe dava muita atenção. Ela sente-se desejada e arrojada. Trocam-se bilhetes amorosos através de um pequeno escravo. O amor tornou-se imperioso durante duas noites em que António Alcoforado terá entrado pela janela no quarto da duquesa, que na madrugada de 1 de Novembro de 1512, o pajem, António Alcoforado é apanhado a sair.
“Os amantes são descobertos!”
A duquesa, apercebendo-se de um grande ruído com gente de volta do amante, correu muito assustada aos seus aposentos dos seus filhos, para qualquer disfarce, onde já se encontrava D, Jaime sobre a cama muito desvairado.

                                        ( castelo velho - Alcáçova ate 1504)

O fidalgo foi preso. D. Jaime mandou chamar o capelão para a confessar o pajem, que quando saiu da masmorra saiu, conversou com D. Jaime, que voltou para camara da duquesa D Leonor, resolvido a matá-la. Porém D. Leonor, com grande coragem, lhe perguntou de que provinha aquele furor de desconfiança, porque intentava tirar-lhe a vida? O duque respondeu prontamente, que ela lhe fora traidora, que manchara a sua dignidade. Não sou traidora, respondeu altivamente a duquesa. E apresentando varias razões, chegou quase a convence-lo da sua inocência. Mas o duque saiu do quarto e foi-se encontrar com o criado, Pedro Vaz,- quem tinha segurado António quando saía dos aposentos da duquesa, que de novo, influiu no ânimo suspeito contra a honra da duquesa, voltou a encontrar-se com ela, e sem admitir a menor reflexão, apunhalou-a. E de seguida mandou matar o pajem.
Há várias versões, e que testemunham que D. Leonor foi vítima de suspeitas infundadas… criadas pela intriga palaciana. Mas a partir do momento em que o duque a manda matar, a história tem obrigatoriamente de ganhar foros de verdade. É que a lei só nos casos de adultério comprovado permitia a morte dos adúlteros.
O cadáver da desditosa senhora foi sepultado na igreja de N. Sr.ª da Serra de Montes Claros, sendo mais tarde, por ordem de D. Teodósio II, trasladado para o mosteiro da Esperança, em Vila Viçosa.




     A duquesa D. Leonor com 16 anos conhecera António alcoforado quando ele tinha 12 anos, filho de uma antiga dama de D. Isabel, viúva e mãe do duque D. Jaime.
     A duquesa D. Leonor chamava a atenção a todos que diziam coisas atrevidas. Sempre encontrava, António meio homem, com seis palmos de altura, 11 anos de idade, de girândolas esfaimadas, com letras de tal ousado modo que por capricho, por uma reviravolta de fantasia ou por qualquer vago receio de previsão … afastou António Alcoforado de pajem de seu filho Teotónio, - sem que se saiba se chegou a expulsa-lo do paço.
     As inclinações amoráveis  e a senilidade de engenho de galanteador, levou que naquela época os galanteios amorosos alvoraçavam as almas cheias de preconceitos, transformados em histórias de amor a contarem-se de cor, em trovas e cantares, a andarem de boca em boca de toda a gente moça.
E como António Alcoforado dizia: - As palavras em alegorias cismadas por mais que a gente as queira segurar fogem-nos da boca.


Esta historia está resumida porque são 9 paginas.
retirada da biografia de D. Manuel I -  historia do palacio de Vila Viçosa biografia - família Medina Sidónia.