O desfecho verdadeiramente trágico do paço
de Vila Viçosa
Em 1502, D. Leonor de Mendonça filha do 3º
duque de Medina Sidónia. Vem para Lisboa, e segue para Vila Viçosa, onde
habitará o castelo com D. Isabel, sua sogra, até o matrimónio poder ser
efectivado. Apesar de não se saber ao certo a data dos verdadeiros esponsais de
D. Jaime com D. Leonor, pensa-se que os mesmos terão ocorrido por volta de 1504.
Mas esta ligação teve um início muito atribulado, o desfecho foi verdadeiramente
trágico: depois de acertado o contrato nupcial, o jovem duque é acometido de
«fortes ataques de melancolia» e resolve abraçar a vida religiosa.
D. Jaime sai do país em direcção a Roma, a
fim de solicitar ao Papa a anulação do seu matrimónio, para depois poder
ingressar no convento do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Deixa uma carta que só
deveria ser entregue ao Rei quando o duque já estivesse longe. Contudo, o frade
franciscano da piedade, convento de Vila Viçosa, que recebe a missiva, temendo
uma possível represália real, resolve levá-la ao monarca dois dias depois. D.
Manuel fica furioso. Envia fidalgos da sua confiança no encalço do fugitivo
para lhe ordenarem que volte imediatamente.
«D. Jaime é Chamado à presença do Rei D. Manuel
em Évora, e aconselhado a consumar o matrimónio para viver com sua esposa e vir
a ter filhos. Que passasse o seu tempo da forma mais divertida, com os carinhos
da mulher e na afeição aos filhos.»
Sem grandes alternativas, D. Jaime, que
não gostava de viver na Alcáçova do castelo velho de Vila Viçosa, mandara edificar
fora das muralhas da vila, um novo paço no sítio da Horta do Reguengo.
Passaram-se
dez anos sem que se notasse entre os conjugues esposos algum facto digno de
menção.
A 2 de Novembro de 1512, D. Jaime, suspeitando
que sua mulher mantinha relações amorosas com António Alcoforado, fidalgo de
sua Casa, mandou-o prender, “num acesso de ciúme, ordenou ao seu capelão que o
fosse confessar, e logo depois da confissão o mandou matar no próprio palácio
de Vila Viçosa. “
A 1512 as intrigas ferviam no paço. Para muitos
era óbvio que a jovem duquesa, de 23 anos, deixada ao esquecimento por seu
marido D. Jaime de Bragança, viesse a ter inclinação muito especial por António
Alcoforado, de 16 anos, pajem de seu filho D. Teodósio., que lhe dava muita
atenção. Ela
sente-se desejada e arrojada. Trocam-se bilhetes amorosos através de um pequeno
escravo. O amor tornou-se imperioso durante duas noites em que António
Alcoforado terá entrado pela janela no quarto da duquesa, que na madrugada de 1
de Novembro de 1512, o pajem, António Alcoforado é apanhado a sair.
“Os
amantes são descobertos!”
A
duquesa, apercebendo-se de um grande ruído com gente de volta do amante, correu
muito assustada aos seus aposentos dos seus filhos, para qualquer disfarce, onde
já se encontrava D, Jaime sobre a cama muito desvairado.
( castelo velho - Alcáçova ate 1504)
O
fidalgo foi preso. D. Jaime mandou chamar o capelão para a confessar o pajem,
que quando saiu da masmorra saiu, conversou com D. Jaime, que voltou para camara
da duquesa D
Leonor, resolvido a matá-la. Porém D. Leonor, com grande coragem, lhe perguntou
de que provinha aquele furor de desconfiança, porque intentava tirar-lhe a
vida? O duque respondeu prontamente, que ela lhe fora traidora, que manchara a
sua dignidade. Não sou traidora, respondeu altivamente a duquesa. E
apresentando varias razões, chegou quase a convence-lo da sua inocência. Mas o
duque saiu do quarto e foi-se encontrar com o criado, Pedro Vaz,- quem tinha segurado
António quando saía dos aposentos da duquesa, que de novo, influiu no ânimo
suspeito contra a honra da duquesa, voltou a encontrar-se com ela, e sem
admitir a menor reflexão, apunhalou-a. E de seguida mandou matar o pajem.
Há
várias versões, e que testemunham que D. Leonor foi vítima de suspeitas
infundadas… criadas pela intriga palaciana. Mas a partir do momento em que o
duque a manda matar, a história tem obrigatoriamente de ganhar foros de
verdade. É que a lei só nos casos de adultério comprovado permitia a morte dos
adúlteros.
O
cadáver da desditosa senhora foi sepultado na igreja de N. Sr.ª da Serra de
Montes Claros, sendo mais tarde, por ordem de D. Teodósio II, trasladado para o
mosteiro da Esperança, em Vila Viçosa.
A duquesa D. Leonor com 16 anos conhecera António
alcoforado quando ele tinha 12 anos, filho de uma antiga dama de D. Isabel, viúva
e mãe do duque D. Jaime.
A duquesa D. Leonor chamava a atenção a todos
que diziam coisas atrevidas. Sempre encontrava, António meio homem, com seis
palmos de altura, 11 anos de idade, de girândolas esfaimadas, com letras de tal
ousado modo que por capricho, por uma reviravolta de fantasia ou por qualquer
vago receio de previsão … afastou António Alcoforado de pajem de seu filho Teotónio,
- sem que se saiba se chegou a expulsa-lo do paço.
As inclinações amoráveis e a senilidade de
engenho de galanteador, levou que naquela época os galanteios amorosos
alvoraçavam as almas cheias de preconceitos, transformados em histórias de amor
a contarem-se de cor, em trovas e cantares, a andarem de boca em boca de toda a
gente moça.
E
como António Alcoforado dizia: - As palavras em alegorias cismadas por mais que
a gente as queira segurar fogem-nos da boca.
Esta historia está resumida porque são 9 paginas.
retirada da biografia de D. Manuel I - historia do palacio de Vila Viçosa biografia - família Medina Sidónia.