Maria Armanda Falcão, (Vera Lagoa) e Natália Correia
1974
Eu sinto uma cotovelada e um
pedido de desculpas… -foi sem querer.
Não tarda muito tempo, a ser
acicatado por quem me pede desculpa, e sofro um pisão de uma sola de bota
cardada e por outro pedido de desculpa. Pensei que mais podia acontecer…
O meu corpo e as minhas pernas começam
a fraquejar com tanto encontrão.
Comecei a passear com vaidade pelos salões
de festa a comemorar o 25 de Abril de 1974 a brincar aos revolucionários com
palpitações cardíacas.
Conheci os maiores provocadores da época: Maria
Armanda Falcão, (Vera Lagoa) mulher de José Tengarrinha, Natália Correia,
Arons de Carvalho e o medico António Duarte Arnaut a meados de 1974, no hotel Metrópole
onde se encontrava “exilado o médico Fernando Bissaya Barreto Rosa”.
Natália Correia e Maria Armanda Falcão tinham o espírito inquieto. Natália Correia faleceu de madrugada, vinda de uma noitada, «algo que uma senhora de respeito, sinceramente, não faz…»
A vida agitada surpreendeu
Natália Correia com morte na madrugada de 16 de Março de 1993. Vera Lagoa faleceu
em Lisboa a 19 de Agosto de 1996 de ataque cardíaco.
As duas frequentavam as festas da alta sociedade.
Natália Correia e Vera Lagoa foram convidadas para a festa do milionário Boliviano
Antenor Patiño em 1968, segundo a opinião pública: «mostrou ser uma mulher de
bom garfo (...)
Maria
Armanda Falcão era considerada mulher de mau feitio por crispar por igual os
moralistas da direita e da esquerda. Assumia a mordacidade na sua escrita ou com
elegância e postura antagónica, atacava as grandes elites com desprezo.
Tinha os momentos em que era divertida,
versátil e muito expressiva quanto a tudo que achava ser nobre. Não lhe faltava
a doçura e a generosidade em pessoa, e Natália Correia, não lhe ficava atrás. Era
experiente, e conhecia muito bem a minha timidez e a pequenez dos homens.