Carta de Família do Santo Ofício
A
carta dos Familiares do Santo Ofício - estatutos de limpeza de sangue surgiu no
século XV - ocorrida em Toledo em 27 de Janeiro de 1449. O século XVII, é quando
surgem mais carta dos Familiares do Santo Ofício para ocupação de cargos públicos, o acesso a
cargos eclesiásticos e as principais honrarias do Reino. Na sessão de 31 de Março
de 1821, as Cortes Constituintes decretavam a extinção do Tribunal do Santo
Ofício
A pertença à família do Santo Ofício era
encarada como um privilégio, conferindo estatuto social aos seus membros. Para
ingressar na família do Santo Ofício ou na vida religiosa os candidatos eram
submetidos a um processo de habilitação através do qual tinham de justificar a
sua pureza de sangue (os seus antepassados não podiam ser negros, judeus,
mouros ou ciganos) e a sua conduta cívica, moral e religiosa, através da carta de
Familiar do Santo Ofício*.
Quando
os impetrantes (candidatos) tinham pais, avós ou irmãos familiares do Santo
Ofício podiam ser dispensados de fazer diligências “de genere” desde que
comprovassem a sua relação de parentesco
O acesso ao privilégio de acercar-se da casa real estava ao alcance de todos os mercadores que sonhavam chegar à nobreza. Bastava preencher os requisitos exigidos para receber os benefícios da graça régia.
Os mercadores, dos maiores aos mais
pequenos comerciantes, integrados na sociedade portuguesa, de origem flamenga, Genoveses,
Venezianos e cristãos novos onde estavam incluídos os Sinel e os
Cordes, não sofreram quaisquer entrave nas suas ambições de ascensão social.
Ser familiar do Santo Ofício exigia que o
candidato provasse grandes meios económicos e, viver limpamente.
Foi
o caso de muitos homens que pretendiam ser
admitido na Companhia de Jesus . bastava
entregar o original da carta de familiar
do Santo Ofício de seu pai.
João Baptista de Cordes
consegue obter a carta de familiar do Santo Ofício, considerada carta de nobilitação, como um meio seguro e prestigiado de comprovação da limpeza
linhagista. O ascendente, João Baptista de Cordes
tornou-se familiar do Santo Ofício em 1626, e o seu genro, Baltasar Peles
Sinel, em 1643. Este gerou os apelidados Sinel de Cordes, que a meados do
século XVII pertenciam ao "estado do meio". - No dizer de Isabel
Drummond Braga.
Os flamengos da “baixa nobreza”, certamente com uma posição social intermédia entre a nobreza e os mercadores do Terceiro Estado tinham o lugar de sepultamento* a partir de 1590, junto ao Convento das Flamengas (Nossa Senhora da Quietação) do Calvário (Alcântara-Lisboa)