sábado, 1 de abril de 2023

Carta de Família do Santo Ofício

 

 Carta de  Família do Santo Ofício

 

A carta dos Familiares do Santo Ofício - estatutos de limpeza de sangue surgiu no século XV - ocorrida em Toledo em 27 de Janeiro de 1449. O século XVII, é quando surgem mais carta dos Familiares do Santo Ofício  para ocupação de cargos públicos, o acesso a cargos eclesiásticos e as principais honrarias do Reino. Na sessão de 31 de Março de 1821, as Cortes Constituintes decretavam a extinção do Tribunal do Santo Ofício

  

    A pertença à família do Santo Ofício era encarada como um privilégio, conferindo estatuto social aos seus membros. Para ingressar na família do Santo Ofício ou na vida religiosa os candidatos eram submetidos a um processo de habilitação através do qual tinham de justificar a sua pureza de sangue (os seus antepassados não podiam ser negros, judeus, mouros ou ciganos) e a sua conduta cívica, moral e religiosa, através da carta de Familiar do Santo Ofício*.

Quando os impetrantes (candidatos) tinham pais, avós ou irmãos familiares do Santo Ofício podiam ser dispensados de fazer diligências “de genere” desde que comprovassem a sua relação de parentesco

      Pertencer à nobreza, era um prestígio e distinção social de fortalecimento que todos aspiravam…

O acesso ao privilégio de acercar-se da casa real estava ao alcance de todos os mercadores que sonhavam chegar à nobreza. Bastava preencher os requisitos exigidos para receber os benefícios da graça régia.

     Os mercadores, dos maiores aos mais pequenos comerciantes, integrados na sociedade portuguesa, de origem flamenga, Genoveses, Venezianos e cristãos novos onde estavam incluídos os Sinel  e  os Cordes,   não sofreram quaisquer  entrave nas  suas ambições de ascensão   social.

       A acessão social fazia-se através da familiatura (Cargo ou título de familiar da Inquisição) do Santo Ofício cujas portas dificultavam a entrada aos judeus, mouros, ciganos, negros e cristãos velhos,  cuja profissão,  condição social ou comportamentos  sejam  considerados inadequados à ascensão   social.  

      Ser familiar do Santo Ofício exigia que o candidato provasse grandes meios económicos e, viver limpamente.

Foi o caso  de muitos homens que pretendiam ser admitido  na Companhia de Jesus . bastava entregar  o original da carta de familiar do Santo Ofício de seu pai.

 

 

 

      João Baptista de Cordes consegue obter a carta de familiar do Santo Ofício, considerada carta de nobilitação, como um meio seguro e prestigiado de comprovação da limpeza linhagista. O ascendente, João Baptista de Cordes tornou-se familiar do Santo Ofício em 1626, e o seu genro, Baltasar Peles Sinel, em 1643. Este gerou os apelidados Sinel de Cordes, que a meados do século XVII pertenciam ao "estado do meio".  - No dizer de Isabel Drummond Braga.

 Notas: os processos de habilitação dos Familiares do Santo Ofício português, desde o meu décimo avô (Estevão Pinto Moraes sarmento) encontra-se arquivado Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Os flamengos da “baixa nobreza”, certamente com uma posição social intermédia entre a nobreza e os mercadores do Terceiro Estado tinham o lugar de sepultamento* a partir de 1590, junto ao Convento das Flamengas (Nossa Senhora da Quietação) do Calvário (Alcântara-Lisboa)  

 *As famílias com bibliotecas com arquivos dos seus ascendentes, ainda hoje guardam entre muitos outros documentos, As cartas originais do Santo Ofício, que tivessem que exibir quando necessário.

 ** Cemitério estendido da igreja e a actual rua Leão de Oliveira