segunda-feira, 15 de abril de 2013

Frei Fernão de Oliveira ( 1507 – 1581)


Frei Fernão de Oliveira
     A EXPULSÃO DOS JUDEUS


Fernão de Oliveira (Aveiro, 1507 – 1581), algumas vezes dito Fernando de Oliveira, frade, gramático, construtor bélico-naval renascentista, foi um dos expoentes renascentistas  

Foi ordenado frade dominicano. Em virtude de suas posições heterodoxas, logo caiu no desagrado do Tribunal da Santa Inquisição, tendo sido preso várias vezes por determinação daquele tribunal. Com efeito, consta que, em 26 de outubro de 1555, entre tantas outras prisões, "[...] Deu entrada nas masmorras da Inquisição, em Lisboa, o insigne aveirense Padre Fernão de Oliveira, clérigo dominicano e diplomata, escritor e filólogo, marinheiro e soldado, aventureiro e perseguido, «o primeiro gramático da língua portuguesa e porventura o primeiro tratadista naval de todo o mundo» [...]"(Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fl. 9).
Intelectual amplo, publicou a reputada primeira gramática portuguesa, a conhecida Grammatica da lingoagem portuguesa, editada em Lisboa, em 1536, e que tem no frontispício o brasão de armas dos Almadas por ele a ter dedicado a D. Fernando de Almada.
Trabalhou ainda em um variado conjunto de atividades, sobressaindo a de piloto. Foi ainda teórico da guerra e da construção naval. Precisamente nestas duas áreas — arte bélica e construção naval — destacou-se sobremaneira.
As suas contribuições aí, com efeito, deram as bases da hegemonia portuguesa em diversos oceanos no século XVI.
Em "Na arte da guerra do mar" (Coimbra, 1555), além do texto teórico, tece considerações morais condenatórias sobre a escravidão, o comércio de escravos e sobre a invenção e utilização de armas de fogo, devido à sua capacidade de destruir vidas humanas.
A "Ars nautica" (1570 [?]) é o primeiro tratado enciclopédico mundial de matérias referentes à navegação, guerra naval e construção de embarcações. O último tema foi substancialmente desenvolvido na obra seguinte, "Livro da fábrica das naus" (1580 [?]), em que fornece regras teóricas para a construção de navios e sublinha, sempre em diálogo com os autores clássicos, nomeadamente Plínio, as significativas contribuições lusitanas para o progresso nos métodos de construção naval.
Pouco antes de falecer, em (1580), defendeu António I de Portugal, Prior do Crato, contra Filipe II, com duas obras historiográficas a sustentarem a legitimidade do candidato português e contestarem a solução da Monarquia Dual, aprovada nas Cortes de Tomar (1581).
Referências

Christóvão Falcão (1512?-1557?) SEM FOTO


Christóvão Falcão (1512?-1557?) - Poeta e diplomata português do século XVI. Por vezes o seu nome é referido como tendo sido Cristóvão Falcão de Sousa ou Cristóvão de Sousa Falcão. O nome próprio aparece por vezes com a grafia arcaica de Christóvão.

        

 Supõe-se que Portalegre, terra da nobilitada família Vaz de Almada e descendente de John Falcon (ou Falconet) seja o local de nascimento de nascimento de Cristóvão Falcão. Descendente de ingleses nobres que se instalaram em Portugal em 1386 com o casamento da filha do 1º Duque de Lencastre, Filipa de Lencastre, com o rei D. João I.
 Cristóvão Falcão filho de João Vaz de Almada (Sousa Falcão), casado com Brites Godinho. Foi educado a partir dos 9 anos no Paço Real, em Lisboa, onde estudou Belas-Artes. Foi discípulo e amigo dos grandes poetas quinhentistas portugueses Bernardim Ribeiro e Francisco de Sá de Miranda, que com eles se inspirou e escreveu poesia.

Segundo a edição de 1911 da Encyclopædia Britannica refere que, Cristóvão se teria apaixonado na sua infância por Maria Brandão, uma jovem muito bela, herdeira de grande fortuna, com quem teria chegado a casar secretamente em 1526, mas a oposição dos pais levou a que o casamento fosse anulado. O orgulho familiar levou o pai de Cristóvão a pô-lo em sua casa sob vigilância apertada durante 5 anos, em concordância com o pai da  Maria Brandão,  foi obrigada pelos seus pais a enclausurar-se no Mosteiro do Lorvão, que aí se esforçaram por convencê-la que o pretendente estaria mais interessado na sua fortuna do que na sua pessoa. Depois pelos mesmos, veio a insistência dos argumentos de vir a ter um bom casamento. Acabaram por convencer Maria Brandão a sair do mosteiro para casar em 1534 com Luís de Silva, capitão de Tânger.
Nunca se soube tudo o que levou os interesses dessas famílias em separar os seus filhos, que deixa algum mistério, sabendo-se que ambos pertenciam a grandes famílias da nobreza.

 Cristóvão Falcão, viveu momentos de grandes paixões com outras mulheres, e de uma delas teve um filho com o seu nome, que terá nascido quando seu pai já teria partido de lisboa. Nada mais se conhece da sua vida nesse tempo, a não ser que seu filho viria a ser capitão na ilha da Madeira. Com o seu casamento Maria Brandão, para evitar mais escândalos, a pedido de seu pai a el rei D. João III, este integra-o na embaixada de Roma como agente do estado real português. Cristóvão Falcão, parte sem poder negar, revoltado abandona tudo que tinha em Portugal, a poesia, a família e, enveredou por uma carreira diplomática. Integrou a embaixada portuguesa enviada por D. João III a Roma em 1542 onde estava presente Francisco de Sá de Miranda, e mais tarde a convite deste, este também Bernardim Ribeiro.

      Cristóvão Falcão, regressa a Portugal, a 31 de Março de 1545 é enviado como capitão para a fortaleza de Arguim, na actual Mauritânia, de onde regressaria em 1547 algum tempo depois de cumprir uma condenação num cárcere por agressão ao seu superior nobre fidalgo. Ocultada por algum tempo a sua prisão, só ao fim de cinco anos, com uma carta de perdão obtida em 1551, por influência de um grupo de literatos junto à corte.

    Casa-se uma senhora da baixa nobreza Isabel Caldeira em 1553, sem que tivesse filhos com ela.

     Todo o seu passado construiu uma história, que deu a inspiração ao próprio Cristóvão a escrever uma obra poética pela qual é mais conhecido, Crisfal. Onde o jovem Cristóvão Falcão refere que esteve preso durante 5 anos por ter casado com uma menor. E que logo que saiu da prisão, procurou a sua amada no mosteiro de Lorvão, e que sabendo do seu casamento começa a escrever o Crisfal. Canta a sua paixão arrebatadora. Sendo muito É provável que Crisfal seja um criptónimo de Cristóvão Falcão.
     «Crisfal, Chrisfal ou Trovas de Crisfal, é uma écloga (poema pastoral) com 1015 versos, que fora (publicado por Oliveira Santos e editado por Cohen; vide infra) uma história de dois jovens pastores Maria Brandão e Crisfal, que se amam desde a infância, mas são separados porque os pais da jovem a levam para um lugar distante. «Escrito em harmoniosa redondilha maior, é talvez o mais expressivo exemplo da adaptação da poesia bucólica grega e latina com a sensibilidade portuguesa. Poemas impregnados de saudade, de emoções ternas e puras, glorificadas em versos escritos numa linguagem directa, mas de timbre requintado, onde perpassa uma sensualidade picante e um realismo por vezes atrevido.
 A obra colocou o Cristóvão Falcão numa posição única na literatura portuguesa e teve uma influência considerável em poetas posteriores, nomeadamente Camões.


 OBSERVAÇÃO: 
Até à publicação em 1908 por Delfim de Brito Monteiro Guimarães de "Teófilo Braga e a lenda do Crisfal", ninguém questionava a autoria de Crisfal. Nesta obra defende-se a tese de que Crisfal teria sido escrito por Bernardim Ribeiro, que se teria inspirado na paixão de juventude do seu amigo Cristóvão Falcão. Segundo o mesmo Delfim Guimarães, Cristóvão Falcão não seria sequer poeta. Entre outros argumentos, é argumentado que as publicações do século XVI das obras atribuídas a Cristóvão Falcão são anónimas e que a edição de Ferrara inclui as obras de Bernardim Ribeiro. Esta tese foi contestada ao seu tempo, e foi refutada por estudos mais recentes. Supõem-se que o anonimato terá sido uma opção de Cristóvão Falcão por causa da natureza pessoal do poema e das alusões nele feitas. Além disso, há referências a Cristóvão Falcão como autor do poema em escritos de vários autores antigos, nomeadamente do seu contemporâneo Diogo de Couto



João de Barros (1496 -1570)

 
João de Barros (1496 -1570)

     Dom João III em 1521, concede a João de Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina, para onde partiu no ano seguinte. Em 1525 foi nomeado tesoureiro da Casa da Índia, missão que desempenhou até 1528.
     A peste negra de 1530 levou-o a refugiar-se na sua quinta da Ribeira de Alitém, próximo de Pombal, vila onde concluiu o seu diálogo moral, Rhopicapneuma, alegoria que mereceu louvores do catalão Juan Luís Vives.

Regressado a Lisboa em 1532, o rei designou-o como feitor das casas da Índia e da Mina - uma posição de grande destaque e responsabilidade, numa Lisboa que era então um empório, a nível europeu, para todo o comércio estabelecido com o oriente. João de Barros provou ser um administrador bom e desinteressado, algo raro para a época, como demonstra o surpreendente facto de ter amealhado pouco dinheiro com este cargo, enquanto os seus antecessores haviam adquirido grandes fortunas.

Casou com Maria de Almeida em 1532, de quem teve cinco filhos e três filhas.

Em 1534 Dom João III, procurando atrair colonos para se estabelecerem no Brasil, evitando assim as tentativas de penetração francesa, dividiu a colónia em capitanias hereditárias, seguindo um sistema que já havia sido utilizado nas ilhas atlânticas dos Açores, Madeira e Cabo Verde, com resultados comprovados. No ano seguinte João de Barros foi agraciado com a posse de duas capitanias, em parceria com Aires da Cunha, o Ceará e o Pará. Constituiu a expensas suas uma armada de dez navios e novecentos homens, que zarpou para o Novo Mundo em 1539.
     Considerado o primeiro grande historiador português e pioneiro da gramática da língua portuguesa, tendo escrito e formalizado a língua, tal como falada em seu tempo. Prosseguiu seus estudos durante as horas vagas, durante os anos da desastrosa expedição ao Brasil, publicando em 1540 a Gramática da Língua Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna. A Grammatica foi a segunda obra a formatizar a língua portuguesa, tal como falada em seu - sendo entretanto considerada a primeira obra didáctica ilustrada no mundo.
Nunca desconsiderando um pedido de Dom Manuel I, ainda antes de ter falecido, que iniciou uma história a narrar os feitos dos portugueses na Índia, agrupando «vários acontecimentos num livro num período de dez anos. A primeira década saiu em 1552, a segunda em 1553 e a terceira foi impressa em 1563. A quarta década, inacabada, foi completada por João Baptista Lavanha e publicada em Madrid em 1615, muito depois da sua morte. – Como se pode prever historias com pouca credibilidade – contadas e nunca provadas. - As Décadas da Ásia. Assim chamadas! - (Ásia de Ioam de Barros, dos feitos que os Portuguezes fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente),
O seu estilo fluente e rico, O autor, com linguagem simples e objectiva, descreve em mínimos detalhes a natureza perversa do ser humano nos grandes países de além-mar. As "Décadas" tiveram pouco interesse durante a sua vida., e só passa a ser mais tarde conhecida apenas uma tradução italiana em Veneza, em 1563.
Como era habitual as escritas dos grandes escritores passarem pelo rei, D. João III, que não sabia o pedido de seu pai, ao ouvir ler entusiasmou-se com o seu conteúdo, e pediu a João de Barros que redigisse uma crónica relativa aos acontecimentos do reinado de D. Manuel I que, ficamos na dúvida se João de Barros declinou devido às suas tarefas na Casa da Índia.
Caso assim seja, sabemos que ele formalizou algumas cronicas sendo a maior parte redigidas pelo grande humanista português, Damião de Góis. Que mais tarde encarregou Diogo do Couto continuar as "Décadas", que lhe adicionou mais nove. A primeira edição completa das 14 décadas surgiu em Lisboa, já no século XVIII (1778 — 1788).
     João de Barros “sofre um acidente vascular cerebral em 1568” e foi exonerado das suas funções na Casa da Índia, recebendo título de fidalguia e uma tença régia do rei D. Sebastião.
     - Como em toda a sua vida demonstrou um grande humanismo, talvez incomum para a época, «pagou as dívidas dos seus amigos marinheiros falecidos que viajaram consigo nas suas expedições». Empobreceu com  o que assumiu, sem se saber porquê , até ao fim da vida, vendo-se obrigado a vender  parte dos seus bens e hipotecar outros. Faleceu na sua quinta de Alitém, em Pombal, a 20 de Outubro de 1570 com 74 anos na mais completa miséria, sendo tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.
      Logo após da sua morte começam a correr fama das "Décadas" com uma linguística fácil a descrever a história dos portugueses na Ásia, que são o início da historiografia moderna em Portugal e do Mundo.