João de
Barros (1496 -1570)
Dom João III em 1521, concede a João de
Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina, para onde partiu no
ano seguinte. Em 1525 foi nomeado tesoureiro da Casa da Índia, missão que
desempenhou até 1528.
A peste negra de 1530 levou-o a
refugiar-se na sua quinta da Ribeira de Alitém, próximo de Pombal, vila onde
concluiu o seu diálogo moral, Rhopicapneuma, alegoria que mereceu louvores do
catalão Juan Luís Vives.
Regressado
a Lisboa em 1532, o rei designou-o como feitor das casas da Índia e da Mina - uma
posição de grande destaque e responsabilidade, numa Lisboa que era então um
empório, a nível europeu, para todo o comércio estabelecido com o oriente. João
de Barros provou ser um administrador bom e desinteressado, algo raro para a
época, como demonstra o surpreendente facto de ter amealhado pouco dinheiro com
este cargo, enquanto os seus antecessores haviam adquirido grandes fortunas.
Casou
com Maria de Almeida em 1532, de quem teve cinco filhos e três filhas.
Em
1534 Dom João III, procurando atrair colonos para se estabelecerem no Brasil,
evitando assim as tentativas de penetração francesa, dividiu a colónia em
capitanias hereditárias, seguindo um sistema que já havia sido utilizado nas
ilhas atlânticas dos Açores, Madeira e Cabo Verde, com resultados comprovados.
No ano seguinte João de Barros foi agraciado com a posse de duas capitanias, em
parceria com Aires da Cunha, o Ceará e o Pará. Constituiu a expensas suas uma
armada de dez navios e novecentos homens, que zarpou para o Novo Mundo em 1539.
Considerado o primeiro grande historiador
português e pioneiro da gramática da língua portuguesa, tendo escrito e
formalizado a língua, tal como falada em seu tempo. Prosseguiu seus estudos
durante as horas vagas, durante os anos da
desastrosa expedição ao Brasil, publicando em 1540 a Gramática da Língua
Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da
língua materna. A Grammatica foi a segunda obra a formatizar a língua
portuguesa, tal como falada em seu - sendo entretanto considerada a primeira
obra didáctica ilustrada no mundo.
Nunca
desconsiderando um pedido de Dom Manuel I, ainda antes de ter falecido, que
iniciou uma história a narrar os feitos dos portugueses na Índia, agrupando «vários
acontecimentos num livro num período de dez anos. A primeira década saiu em
1552, a segunda em 1553 e a terceira foi impressa em 1563. A quarta década,
inacabada, foi completada por João Baptista Lavanha e publicada em Madrid em
1615, muito depois da sua morte. – Como se pode prever historias com pouca credibilidade
– contadas e nunca provadas. - As Décadas da Ásia. Assim chamadas! - (Ásia de
Ioam de Barros, dos feitos que os Portuguezes fizeram na conquista e
descobrimento dos mares e terras do Oriente),
O
seu estilo fluente e rico, O autor, com linguagem
simples e objectiva, descreve em mínimos detalhes a natureza perversa do ser
humano nos grandes países de além-mar. As "Décadas" tiveram pouco
interesse durante a sua vida., e só passa a ser mais tarde conhecida apenas uma
tradução italiana em Veneza, em 1563.
Como
era habitual as escritas dos grandes escritores passarem pelo rei, D. João III, que não sabia o pedido de seu pai, ao ouvir
ler entusiasmou-se com o seu conteúdo, e pediu a João de Barros que redigisse
uma crónica relativa aos acontecimentos do reinado de D.
Manuel I que, ficamos na dúvida se João de Barros
declinou devido às suas tarefas
na Casa da Índia.
Caso
assim seja, sabemos que ele formalizou algumas cronicas sendo a maior parte
redigidas pelo grande humanista português, Damião de
Góis. Que mais tarde
encarregou Diogo do Couto
continuar as "Décadas", que lhe adicionou mais nove. A
primeira edição completa das 14 décadas surgiu em Lisboa, já no século XVIII
(1778 — 1788).
João
de Barros “sofre um acidente vascular cerebral em 1568” e foi exonerado das
suas funções na Casa da Índia, recebendo título de fidalguia e uma tença régia
do rei D. Sebastião.
- Como em toda a sua vida demonstrou um
grande humanismo, talvez incomum para a época, «pagou as dívidas dos seus
amigos marinheiros falecidos que viajaram consigo nas suas expedições». Empobreceu
com o que assumiu, sem se saber porquê ,
até ao fim da vida, vendo-se obrigado a vender
parte dos seus bens e hipotecar outros. Faleceu na sua quinta de Alitém,
em Pombal, a 20 de Outubro de 1570 com 74 anos na mais completa miséria, sendo
tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.
Logo após da sua morte começam a correr fama das "Décadas" com
uma linguística fácil a descrever a história dos portugueses na Ásia, que são o
início da historiografia moderna em Portugal e do Mundo.
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