segunda-feira, 15 de abril de 2013

João de Barros (1496 -1570)

 
João de Barros (1496 -1570)

     Dom João III em 1521, concede a João de Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina, para onde partiu no ano seguinte. Em 1525 foi nomeado tesoureiro da Casa da Índia, missão que desempenhou até 1528.
     A peste negra de 1530 levou-o a refugiar-se na sua quinta da Ribeira de Alitém, próximo de Pombal, vila onde concluiu o seu diálogo moral, Rhopicapneuma, alegoria que mereceu louvores do catalão Juan Luís Vives.

Regressado a Lisboa em 1532, o rei designou-o como feitor das casas da Índia e da Mina - uma posição de grande destaque e responsabilidade, numa Lisboa que era então um empório, a nível europeu, para todo o comércio estabelecido com o oriente. João de Barros provou ser um administrador bom e desinteressado, algo raro para a época, como demonstra o surpreendente facto de ter amealhado pouco dinheiro com este cargo, enquanto os seus antecessores haviam adquirido grandes fortunas.

Casou com Maria de Almeida em 1532, de quem teve cinco filhos e três filhas.

Em 1534 Dom João III, procurando atrair colonos para se estabelecerem no Brasil, evitando assim as tentativas de penetração francesa, dividiu a colónia em capitanias hereditárias, seguindo um sistema que já havia sido utilizado nas ilhas atlânticas dos Açores, Madeira e Cabo Verde, com resultados comprovados. No ano seguinte João de Barros foi agraciado com a posse de duas capitanias, em parceria com Aires da Cunha, o Ceará e o Pará. Constituiu a expensas suas uma armada de dez navios e novecentos homens, que zarpou para o Novo Mundo em 1539.
     Considerado o primeiro grande historiador português e pioneiro da gramática da língua portuguesa, tendo escrito e formalizado a língua, tal como falada em seu tempo. Prosseguiu seus estudos durante as horas vagas, durante os anos da desastrosa expedição ao Brasil, publicando em 1540 a Gramática da Língua Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna. A Grammatica foi a segunda obra a formatizar a língua portuguesa, tal como falada em seu - sendo entretanto considerada a primeira obra didáctica ilustrada no mundo.
Nunca desconsiderando um pedido de Dom Manuel I, ainda antes de ter falecido, que iniciou uma história a narrar os feitos dos portugueses na Índia, agrupando «vários acontecimentos num livro num período de dez anos. A primeira década saiu em 1552, a segunda em 1553 e a terceira foi impressa em 1563. A quarta década, inacabada, foi completada por João Baptista Lavanha e publicada em Madrid em 1615, muito depois da sua morte. – Como se pode prever historias com pouca credibilidade – contadas e nunca provadas. - As Décadas da Ásia. Assim chamadas! - (Ásia de Ioam de Barros, dos feitos que os Portuguezes fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente),
O seu estilo fluente e rico, O autor, com linguagem simples e objectiva, descreve em mínimos detalhes a natureza perversa do ser humano nos grandes países de além-mar. As "Décadas" tiveram pouco interesse durante a sua vida., e só passa a ser mais tarde conhecida apenas uma tradução italiana em Veneza, em 1563.
Como era habitual as escritas dos grandes escritores passarem pelo rei, D. João III, que não sabia o pedido de seu pai, ao ouvir ler entusiasmou-se com o seu conteúdo, e pediu a João de Barros que redigisse uma crónica relativa aos acontecimentos do reinado de D. Manuel I que, ficamos na dúvida se João de Barros declinou devido às suas tarefas na Casa da Índia.
Caso assim seja, sabemos que ele formalizou algumas cronicas sendo a maior parte redigidas pelo grande humanista português, Damião de Góis. Que mais tarde encarregou Diogo do Couto continuar as "Décadas", que lhe adicionou mais nove. A primeira edição completa das 14 décadas surgiu em Lisboa, já no século XVIII (1778 — 1788).
     João de Barros “sofre um acidente vascular cerebral em 1568” e foi exonerado das suas funções na Casa da Índia, recebendo título de fidalguia e uma tença régia do rei D. Sebastião.
     - Como em toda a sua vida demonstrou um grande humanismo, talvez incomum para a época, «pagou as dívidas dos seus amigos marinheiros falecidos que viajaram consigo nas suas expedições». Empobreceu com  o que assumiu, sem se saber porquê , até ao fim da vida, vendo-se obrigado a vender  parte dos seus bens e hipotecar outros. Faleceu na sua quinta de Alitém, em Pombal, a 20 de Outubro de 1570 com 74 anos na mais completa miséria, sendo tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.
      Logo após da sua morte começam a correr fama das "Décadas" com uma linguística fácil a descrever a história dos portugueses na Ásia, que são o início da historiografia moderna em Portugal e do Mundo.  


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