Christóvão
Falcão (1512?-1557?) - Poeta e diplomata português do século XVI. Por vezes o
seu nome é referido como tendo sido Cristóvão Falcão de Sousa ou Cristóvão de
Sousa Falcão. O nome próprio aparece por vezes com a grafia arcaica de
Christóvão.
Supõe-se
que Portalegre, terra da nobilitada família Vaz de Almada e descendente de John
Falcon (ou Falconet) seja o local de nascimento de nascimento de Cristóvão
Falcão. Descendente de ingleses nobres que se instalaram em Portugal em 1386
com o casamento da filha do 1º Duque de Lencastre,
Filipa de Lencastre, com o rei D. João I.
Cristóvão Falcão filho de
João Vaz de Almada (Sousa Falcão), casado com Brites Godinho. Foi educado a partir
dos 9 anos no Paço Real, em Lisboa, onde estudou Belas-Artes. Foi discípulo e
amigo dos grandes poetas quinhentistas portugueses Bernardim Ribeiro e
Francisco de Sá de Miranda, que com eles se inspirou e escreveu poesia.
Segundo a edição de 1911
da Encyclopædia Britannica refere
que, Cristóvão se teria apaixonado na sua infância por Maria Brandão, uma jovem
muito bela, herdeira de grande fortuna, com quem teria chegado a casar
secretamente em 1526, mas a oposição dos pais levou a que o casamento fosse
anulado. O orgulho familiar levou o pai de Cristóvão a pô-lo em sua casa sob
vigilância apertada durante 5 anos, em concordância com o pai da Maria Brandão, foi obrigada pelos seus pais a enclausurar-se
no Mosteiro do Lorvão, que aí se esforçaram por convencê-la que o pretendente
estaria mais interessado na sua fortuna do que na sua pessoa. Depois pelos
mesmos, veio a insistência dos argumentos de vir a ter um bom casamento. Acabaram
por convencer Maria Brandão a sair do mosteiro para casar em 1534 com Luís de
Silva, capitão de Tânger.
Nunca
se soube tudo o que levou os interesses dessas famílias em separar os seus
filhos, que deixa algum mistério, sabendo-se que ambos pertenciam a grandes
famílias da nobreza.
Cristóvão
Falcão, regressa a Portugal, a 31 de Março de 1545 é enviado como capitão para
a fortaleza de Arguim, na actual Mauritânia, de onde regressaria em 1547 algum tempo
depois de cumprir uma condenação num cárcere por agressão ao seu superior nobre
fidalgo. Ocultada por algum tempo a sua prisão, só ao fim de cinco anos, com
uma carta de perdão obtida em 1551, por influência de um grupo de literatos
junto à corte.
Casa-se
uma senhora da baixa nobreza Isabel Caldeira em 1553, sem que tivesse filhos
com ela.
Todo o seu passado
construiu uma história, que deu a inspiração ao próprio Cristóvão a escrever uma
obra poética pela qual é mais conhecido, Crisfal. Onde o jovem Cristóvão Falcão
refere que esteve preso durante 5 anos por ter casado com uma menor. E que logo
que saiu da prisão, procurou a sua amada no mosteiro de Lorvão, e que sabendo
do seu casamento começa a escrever o Crisfal. Canta a sua paixão arrebatadora. Sendo
muito É provável que Crisfal seja um criptónimo de Cristóvão Falcão.
«Crisfal, Chrisfal ou
Trovas de Crisfal, é uma écloga (poema pastoral) com 1015 versos, que fora
(publicado por Oliveira Santos e editado por Cohen; vide infra) uma história de
dois jovens pastores Maria Brandão e Crisfal, que se amam desde a infância, mas
são separados porque os pais da jovem a levam para um lugar distante. «Escrito
em harmoniosa redondilha maior, é talvez o mais expressivo exemplo da adaptação
da poesia bucólica grega e latina com a sensibilidade portuguesa. Poemas
impregnados de saudade, de emoções ternas e puras, glorificadas em versos
escritos numa linguagem directa, mas de timbre requintado, onde perpassa uma
sensualidade picante e um realismo por vezes atrevido.
A obra colocou o Cristóvão Falcão numa posição
única na literatura portuguesa e teve uma influência considerável em poetas
posteriores, nomeadamente Camões.
OBSERVAÇÃO:
Até à publicação em 1908 por Delfim de Brito Monteiro Guimarães de
"Teófilo Braga e a lenda do
Crisfal", ninguém questionava a autoria de Crisfal. Nesta obra defende-se
a tese de que Crisfal teria sido escrito por Bernardim Ribeiro, que se teria
inspirado na paixão de juventude do seu amigo Cristóvão Falcão. Segundo o mesmo
Delfim Guimarães, Cristóvão Falcão não seria sequer poeta. Entre outros
argumentos, é argumentado que as publicações do século XVI das obras atribuídas
a Cristóvão Falcão são anónimas e que a edição de Ferrara inclui as obras de
Bernardim Ribeiro. Esta tese foi contestada ao seu tempo, e foi refutada por
estudos mais recentes. Supõem-se que o anonimato terá sido uma opção de
Cristóvão Falcão por causa da natureza pessoal do poema e das alusões nele
feitas. Além disso, há referências a Cristóvão Falcão como autor do poema em
escritos de vários autores antigos, nomeadamente do seu contemporâneo Diogo de
Couto
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