segunda-feira, 15 de abril de 2013

Christóvão Falcão (1512?-1557?) SEM FOTO


Christóvão Falcão (1512?-1557?) - Poeta e diplomata português do século XVI. Por vezes o seu nome é referido como tendo sido Cristóvão Falcão de Sousa ou Cristóvão de Sousa Falcão. O nome próprio aparece por vezes com a grafia arcaica de Christóvão.

        

 Supõe-se que Portalegre, terra da nobilitada família Vaz de Almada e descendente de John Falcon (ou Falconet) seja o local de nascimento de nascimento de Cristóvão Falcão. Descendente de ingleses nobres que se instalaram em Portugal em 1386 com o casamento da filha do 1º Duque de Lencastre, Filipa de Lencastre, com o rei D. João I.
 Cristóvão Falcão filho de João Vaz de Almada (Sousa Falcão), casado com Brites Godinho. Foi educado a partir dos 9 anos no Paço Real, em Lisboa, onde estudou Belas-Artes. Foi discípulo e amigo dos grandes poetas quinhentistas portugueses Bernardim Ribeiro e Francisco de Sá de Miranda, que com eles se inspirou e escreveu poesia.

Segundo a edição de 1911 da Encyclopædia Britannica refere que, Cristóvão se teria apaixonado na sua infância por Maria Brandão, uma jovem muito bela, herdeira de grande fortuna, com quem teria chegado a casar secretamente em 1526, mas a oposição dos pais levou a que o casamento fosse anulado. O orgulho familiar levou o pai de Cristóvão a pô-lo em sua casa sob vigilância apertada durante 5 anos, em concordância com o pai da  Maria Brandão,  foi obrigada pelos seus pais a enclausurar-se no Mosteiro do Lorvão, que aí se esforçaram por convencê-la que o pretendente estaria mais interessado na sua fortuna do que na sua pessoa. Depois pelos mesmos, veio a insistência dos argumentos de vir a ter um bom casamento. Acabaram por convencer Maria Brandão a sair do mosteiro para casar em 1534 com Luís de Silva, capitão de Tânger.
Nunca se soube tudo o que levou os interesses dessas famílias em separar os seus filhos, que deixa algum mistério, sabendo-se que ambos pertenciam a grandes famílias da nobreza.

 Cristóvão Falcão, viveu momentos de grandes paixões com outras mulheres, e de uma delas teve um filho com o seu nome, que terá nascido quando seu pai já teria partido de lisboa. Nada mais se conhece da sua vida nesse tempo, a não ser que seu filho viria a ser capitão na ilha da Madeira. Com o seu casamento Maria Brandão, para evitar mais escândalos, a pedido de seu pai a el rei D. João III, este integra-o na embaixada de Roma como agente do estado real português. Cristóvão Falcão, parte sem poder negar, revoltado abandona tudo que tinha em Portugal, a poesia, a família e, enveredou por uma carreira diplomática. Integrou a embaixada portuguesa enviada por D. João III a Roma em 1542 onde estava presente Francisco de Sá de Miranda, e mais tarde a convite deste, este também Bernardim Ribeiro.

      Cristóvão Falcão, regressa a Portugal, a 31 de Março de 1545 é enviado como capitão para a fortaleza de Arguim, na actual Mauritânia, de onde regressaria em 1547 algum tempo depois de cumprir uma condenação num cárcere por agressão ao seu superior nobre fidalgo. Ocultada por algum tempo a sua prisão, só ao fim de cinco anos, com uma carta de perdão obtida em 1551, por influência de um grupo de literatos junto à corte.

    Casa-se uma senhora da baixa nobreza Isabel Caldeira em 1553, sem que tivesse filhos com ela.

     Todo o seu passado construiu uma história, que deu a inspiração ao próprio Cristóvão a escrever uma obra poética pela qual é mais conhecido, Crisfal. Onde o jovem Cristóvão Falcão refere que esteve preso durante 5 anos por ter casado com uma menor. E que logo que saiu da prisão, procurou a sua amada no mosteiro de Lorvão, e que sabendo do seu casamento começa a escrever o Crisfal. Canta a sua paixão arrebatadora. Sendo muito É provável que Crisfal seja um criptónimo de Cristóvão Falcão.
     «Crisfal, Chrisfal ou Trovas de Crisfal, é uma écloga (poema pastoral) com 1015 versos, que fora (publicado por Oliveira Santos e editado por Cohen; vide infra) uma história de dois jovens pastores Maria Brandão e Crisfal, que se amam desde a infância, mas são separados porque os pais da jovem a levam para um lugar distante. «Escrito em harmoniosa redondilha maior, é talvez o mais expressivo exemplo da adaptação da poesia bucólica grega e latina com a sensibilidade portuguesa. Poemas impregnados de saudade, de emoções ternas e puras, glorificadas em versos escritos numa linguagem directa, mas de timbre requintado, onde perpassa uma sensualidade picante e um realismo por vezes atrevido.
 A obra colocou o Cristóvão Falcão numa posição única na literatura portuguesa e teve uma influência considerável em poetas posteriores, nomeadamente Camões.


 OBSERVAÇÃO: 
Até à publicação em 1908 por Delfim de Brito Monteiro Guimarães de "Teófilo Braga e a lenda do Crisfal", ninguém questionava a autoria de Crisfal. Nesta obra defende-se a tese de que Crisfal teria sido escrito por Bernardim Ribeiro, que se teria inspirado na paixão de juventude do seu amigo Cristóvão Falcão. Segundo o mesmo Delfim Guimarães, Cristóvão Falcão não seria sequer poeta. Entre outros argumentos, é argumentado que as publicações do século XVI das obras atribuídas a Cristóvão Falcão são anónimas e que a edição de Ferrara inclui as obras de Bernardim Ribeiro. Esta tese foi contestada ao seu tempo, e foi refutada por estudos mais recentes. Supõem-se que o anonimato terá sido uma opção de Cristóvão Falcão por causa da natureza pessoal do poema e das alusões nele feitas. Além disso, há referências a Cristóvão Falcão como autor do poema em escritos de vários autores antigos, nomeadamente do seu contemporâneo Diogo de Couto



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