sábado, 2 de julho de 2022

Festas Religiosas de Lisboa

 

 

As Festas Religiosas

        As festas religiosas eram os grandes acontecimentos que a ignorância do povo celebrava ruidosamente, como um reflexo de ira: palmas, aclamações a bandarem perante uma pipa de vinho oferecido pelo alcaide da povoação, da sua adega régia. Para gaudio da população que, pela noite dentro acabavam por resistir com a voz tremula e o coração enfraquecido.

     As festas populares começavam com a primavera ou com o solstício do verão, como as comemorações das noites de Santo António e de São João, com muita gente feliz em vielas embandeiradas, com fogueiras, e de grupos de gaiteiros a desfilar em cortejo colorido. A norte havia o hábito das pessoas baterem com um alho-porro nos ombros uns dos outros, a desejar sorte, para que João os protegesse.

     Os mais velhos olhavam tudo, a conversarem em voz baixa, trocando confidências miúdas, sem disso ninguém desse conta, tornando-se figuras invisíveis – hábitos dos seus velhos tempos.

     Ao mesmo tempo ao longe viam-se os sobrados colossais dos endinheirados a brilharem de luxo ostensivo, com os seus ricos castiçais acesos. Os jardins estavam iluminados por criados em pontos predominantes à passagem dos convidados, com outros tantos com os seus impressionantes librés a circularem entre os presentes a distribuir bebidas e as mais finas iguarias.

O primeiro café de luxo de lisboa

 

Campadónico

 

 

 

    O primeiro café de luxo lisboeta, Campadónico, segundo conta Fonseca Benevides num dos seus romances históricos, diz, ter sido por sugestão do Marques de Pombal ao senhor Marcos Filipe Campadónico, que com ele esteve em londres durante o seu percurso de embaixador. Na mesma altura da reconstrução de lisboa apos do terramoto Marcos Filipe, construiu um modelo de café londrino na praça do pelourinho (actual nº23 e 24), que só veio a fechar em 1780. Segundo se consta pouco tempo depois é assinalado em 1780 abertura da casa de neve, que passou a chamar-se casa do café italiana, que actualmente é o Martinho da Arcada, onde os poetas começaram com o seu temperamento ardente desde adolescentes. Procuraram expandir as suas energias.

No mesmo texto de Fonseca Benevides e num depoimento do escritor Mário Domingues, (Bocage e a sua vida e a sua época), do terreiro do paço partiam transportes de faluas e andes a belém, a terminarem cerca da calçada da Ajuda. 

terça-feira, 28 de junho de 2022

Asilos

 

Asilos / Mercearia

 


       O primeiro asilo para órfãos e enjeitados foi criado pela rainha D. Brites, mulher de D. Afonso III, antes de 1330, denominado Hospital dos Meninos, situado na Mouraria, perto da actual Capela de Nossa Senhora da Saúde.

 

       A instituição asilo, era designada por mercearia (séculos XIII-XV). O asilo mais antigo de Portugal foi criado pelo o Bispo D. Domingos Jardo, Chanceler-mor do rei D. Dinis em 1284, na cidade de Lisboa no Hospital de S. Paulo, Hospital S. Clemente e hospital de Santo Elói, onde se situou o quartel da Guarda Republicana, no Largo dos Lóios.

Os hospitais surgiram no  século XIV ; os recolhimentos no século XVI-XVIII.

 

       No século XVI, foram estabelecidos as instituições do Criandario e a casa da Roda na Rua da Betesga; o recolhimento para donzelas órfãs, dirigida por D. Antónia de Castro, próximo da igreja da Misericórdia. Os estabelecimentos pertenciam ao Hospital de Todos-os-Santos.

 

       No século XIX generalizaram-se os asilos. O monarca  D. Pedro IV estabeleceu o primeiro Asilo da Infância desvalida para crianças com menos de sete anos, em 1834, semelhantes às Salles d’Asyle parisienses – considerado  antecessoras dos actuais infantários.

          O asilo era um estabelecimento que recolhia e educava crianças, mendigos e inválidos. Hoje em dia, o termo é conotado com a terceira idade, mas durante muitos séculos foi entendido como instituição de assistência, de caridade, referindo-se aos estabelecimentos hospitalares que recebiam os que não tinham lar, crianças e idosos, pessoas com doenças incuráveis, órfãos e viúvas.

 Convento de Santo António do Capuchos com « Asilo da Mendicidade»  que  funcionou de 1836 até 1928, quando foi transformado em hospital dos tuberculosos.

  Convento do Rato, Asilo da Nossa Senhora da Conceição, aberto em 1871. Recolhia raparigas abandonadas que obtinham o ensino básico, e aprendiam as tarefas domésticas, que eram recrutadas para criadas de servir. A partir de 1911 Só podiam sair com catorze anos e com a 2.ª classe.

 

O asilo das Irmãzinhas dos Pobres de Campolide para a vida dos idosos com um funcionamento muito rigoroso. os idosos eram obrigados a  levantarem-se  muito cedo, hora em que o sol nasce,( cerca de 5 ou 6 horas  da manhã)para   rezarem  Laudes.    Aquando da instauração da República as Irmãzinhas dos Pobres foram expulsas de Portugal (1911) e  o  Asilo passou a depender da Provedoria Central da Assistência aos idosos, que comiam, bebiam, dormiam e passeavam. As senhoras podiam usar rapé e os homens tabaco. Podiam dormir mais tempo, e não tinham horário rígido para rezar.

Casa dos 24

 




Casa dos 24

Antecessoras das actuais Assembleias Municipais que reuniam dois representantes de cada ofício das cidades.  

          Arquivo Municipal de Lisboa do reinado de D. João I, querendo que os artífices da cidade participassem no seu governo criou a Casa dos 24 em 1383. A Igreja de São Domingos onde Inicialmente se realizavam as reuniões e que após do terramoto de 1755 são transferidas para a Casa dos 24 de Lisboa situada na Rua da Fé, num edifício anexo à Igreja de São José dos Carpinteiros, foram extintas em 1834. Hoje é  a  Irmandade de Ofícios da Antiga da Casa dos 24.



Casas dos 24 de Lisboa, Coimbra,  Porto  e Braga.