sexta-feira, 8 de julho de 2022

O Casal d'Abade

 O Casal d'Abade

      A robustez de muros da praça pública, fonte e outros achados dispersos em «Cazal d'abbade » são indícios que permitem levantar o véu sobre um possível dómus de plebe ou de patrícias, totalmente desaparecido. Sem fontes manuscritas, só poderão suscitar dúvidas acerca transcrição exacta do milésimo ou era.

       Casal d’Abbade foi uma dos locais mais remotos da freguesias de Lourosa, anterior à reconquista Cristã,  que no século XVII, aparece constituía por  uma  comenda,  e um casal rústico,  residência de um abade administrador dos rendimentos que estavam sob o domínio abacial dos monges regulares. Daí a proveniência toponímica Casal d’abade com um clérigo secular até à extinção das ordens religiosas.

           A aldeia Casal de Abade era servida desde o seculo XVII até 1930 por um caminho estreito de terra batida até à estrada real com os animais a tração animal a deslocar-se com muita dificuldade.


                   Demografia do Termo de Lourosa

           Casal d’abbade tornou-se uma pequena aldeia, solitária, activa e laboriosa no outrora. É desconhecido o povoamento e o desenvolvimento do casal d’abbade após das arrematações dos terrenos do termo em hasta-publica de 1837.   

Sabemos pelos mais velhos que os seus antepassados eram arroteadores do local e os seus pais os compradores do que actualmente possuem.   

 A década de 1950 regista uma saída acentuada de gente, principalmente para Lisboa.

       Os descendentes dos primeiros proprietários das terras eclesiásticas de 1837, após da extinção das ordens religiosas de 1834, trouxeram maior crescimento demográfico entre 1864 e 1900: ano de forte contracção no crescimento pela sangria emigratória dos seus netos para o Brasil Americano e África e pelo fluxo de mortes ligado à pneumónica que assolou fortemente Portugal de 1918 a 1922, ano da estagnação da população que durou até 1930.

      Os mais aventureiros que emigraram desde 1869 sem meios económicos para fazer face às despesas decorrentes e tiveram que recorrer aos empréstimos dando como garantia o seu património herdado da família.

A sorte não chegou a todos e os que alcançaram fortuna nunca voltaram para resgatar os seus haveres. Os «Oriolas» que voltaram a Portugal não puderam cumprir os seus empréstimos assumidos ficaram com os seus bens penhorados.

       Quanto à estagnação da população de 1922 até 1930, deve-se aos bisnetos que deixaram a aldeia e  a família, para irem para  Lisboa.

                               Casal Abade do Termo de Lourosa

      Os caminhos assinalados do termo de Lourosa no seculo XIX até meados dos anos tinta do seculo XX encontravam-se em mau estado e de inverno os carreteiros chegavam a ver os seus carros virados e  as mercadorias espalhadas pelo piso. Os Boleeiros queixavam-se de afundar as rodas das seges e das carruagens na lama. O caminho dos Burros servia as Quintas das Medas. Daí abriu-se uma estrada de terra batida para a sede da freguesia do termo, Lourosa. Mais tarde, interligou-se actual estrada da Venda do Porco para Lourosa, construída sobre um antigo trilho que terminava em Casal de Abade, e seguiu pelo caminho de pé posto até à quinta das Cabeçadas, servido um carreiro da estrada real. A administração Geral das Estradas e Turismo abre uma estrada pelos pinhais das cabeçadas a comunicar com as Quintas das Medas até Lourosa. – Livro do regulamento dos serviços do Comércio decreta 10224 – 3 de Novembro de 1924. Ministério do Comercio e comunicações. O documento não refere datas de início nem conclusão das estradas rurais junto à estrada real, e menciona entre muitas a zona do Poço do Gato com trabalhadores locais em exercício à jorna em períodos contínuos.

 


quarta-feira, 6 de julho de 2022

Dicionário Onomástico medieval

 

Dicionário Onomástico medieval

O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa.

Belcouce (Coimbra)

 Na toponímia antiga da cidade, existiam com esta designação um arco ou porta, uma rua e uma torre. De facto, ao cimo da Couraça da Estrela, ergueu-se até 1778 a porta ou arco de Belcouce, a porta principal da Aeminium romana, um dos raros monumentos dessa época que se manteve até ao século XVIII. Apesar da sua demolição, a planta da cidade de 1845 ainda designa aquele local como o “sítio da porta de Belcouce”. Para proteger a muralha, erguia-se, junto ao arco, uma torre com o mesmo nome, mandada edificar por D. Sancho I na primeira década do século XIII; a rua de Belcouce, de que existem poucas referências, deveria ser o prolongamento do largo da Estrela para o lado da Couraça, junto à muralha e à torre.

No Livro Preto, existe um documento de 1123 onde se fala de uma porta “quae arabice dicitur Alcous”, nome que posteriormente aparece sob as formas Valcouce (século XII), Avalcozi (1220), Avalcouze (1230), Avalcouce (1230 e 1317), Val Cousse (1399), e Belcoyce ou Belcouce (do século XV em diante).

A pedra da porta romana foi vendida 24 de Novembro 1845, tendo a Câmara notificado Miguel Carlos satisfazer a importância de 30 mil reis.


No foral de Castelo Mendo menciona-se Magidi, que corresponde a Mido (povoação que pertenceu sucessivamente aos concelhos de Castelo Mendo, até à sua extinção em 1855, Sabugal, e Almeida, a partir de 1870) e a Mangide, em Pinhel.

 Santa Maria de Burio - Um documento de 883 refere-se ao mosteiro de Santa Maria de Burio étimo topónimo seja o latim ‘abegoaria’,

 Cambres com o termo botânico latino CRAMBE ‘couve’, por ser terra muito fértil que, além de vinho, cereais e frutos, produz muita hortaliça, nomeadamente couves.

 Midão e Midões, certamente relacionados com o nome próprio Midon. Tratando-se de um curso de água,

 Pinhal do Peche (Oliveira do Hospital), / pincho dos falares da Beira. - um alótropo moçárabe de pecho, e Pechins –  significa fecho , ou encerrado.” Pinhal fechado.”

 Ribeles (Oliveira do Hospital). Ribadellas XVI - vale sobranceiro ao rio que atravessa a veiga de Lalim.

 Vale de Rocim (Oliveira do Hospital). Vale Rauzendus

 Vale de Taipa (Tábua), Quinta da Taipa (Oliveira do Hospital),— thápia ‘taipa; parede construída de terra e pedra amassadas’ —

 cacheiro ‘a referida saliência’ e ‘espécie de bengala, cujo castão forma ângulo recto com a haste’,

 Pinhal de Farripes (farrapos) (Oliveira do Hospital). Farripas, falripas, farripos e farrepas são sinónimos de ‘cabelos ralos e curtos; grenha’, de origem obscura. Farripa documenta-se como alcunha já em 1278.

 Carapinhal  - árvore chamada carpa, espécie de pereira brava, por anaptixe, resultaria. Carapinho (nome de um casal do carapinhal.), a par de Carapinha e seus

Derivados.  Carapinhal e Carapinheira em terras alentejanas são  sinónimos de Esteval, Esteveira, Giestal - 1059 Pedro A. FERREIRA, Op. cit., vol. III, p. 33, 131 e 234-235. Em passagens anteriores (Op. cit., vol. II, p. 90 e 269),

 Goulinho (Oliveira do Hospital). Relacioná-los com gola, do latim ‘- passagem estreita, corredor’ que dá passagem a pequenos barcos’

 Tal como Carxana (Carregal do Sal), Carrachana pode ser derivado de carcha 'cada uma das partes de uma batata cortada ao meio', vocábulo usado nas Beiras.

 Vale da Borracha (Oliveira do Hospital). moçárabe. Segundo Corominas, o adjectivo borracho. Bêbado’, -‘rojizo’, por el color del que ha bebido”  terá passado do castelhano ao português

 São Pedro de Moel, - configuração geográfica do lugar-  as falésias nele existente. Em documento do tempo de D. Afonso Henriques define as linhas que limitavam o Couto da doação alcobacense . consta, de facto, o nome Moer, não se sabe se ele é referido à dita ribeira ou à própria povoação de São Pedro de Moel - Mon ‘monte’ e calva ‘lugar com pouca vegetação’

A primeira abonação de moleiro, do latim MOLINARIU 'moleiro', também derivado de Mola 'mó', regista-se em 1200.

Columbeira, Vale da Columbeira (Bombarral).

Columbeira é povoação da freguesia de Roliça,  

Pombeira, é derivado do latim COLUMBA ‘pomba’, que tem outros representantes na  nossa toponímia como, por exemplo, Comba e Alcombral.

1409 Da mesma família etimológica são os topónimos moçárabes registados por Menéndez Pidal e Galmés de Fuentes Columber, Columbar e os antigos Qolomba e Santa Qolomba, 1410 nome também presente num documento nacional do século X, que alude a uma vila Colomba.1411 Pedro de Azevedo recolheu no Glosario de Simonet um “númeroavultado de palavras românicas influenciadas pela pronúncia árabe, que se conservam entre nós como nomes de lugares” e que são, por vezes, “apelidos de proprietáriosque se fixaram nas terras que lhes pertenciam por qualquer título.”. Entre esses antropónimos figura Colombária, a que o Autor atribui a etimologia de Columbeira.

D. Afonso Henriques a fundar em 1142 a vila e o castelo do Germanelo, implantando-o sobre um de dois montes de configuração semelhante que, por isso, são referidos, num documento régio de 1160, como germanelos: “O germanellus, por ter a mesma forma cónica e aproximadamente a mesma altura de outro morro, (...) pode dizer-se [seu] irmão germano, gemanelo ou irmãozinho.”.1067 Couto dehomiziados com amplo foral, a antiga vila do Germanelo foi, entre 1142 e 1146, sede de um município que, com o prosseguimento da Reconquista, perdeu importância e se integrou no de Coimbra.

No foral do Germanelo descrevem-se pormenorizadamente os seus limites e pode, de facto, ler-se que o termo “vai depois para o sul indefinidamente e compreenderá tudo quanto os habitantes do Germanelo puderem e quiserem habitar e ocupar”.

 

 De : MARIA LUÍSA SEABRA MARQUES DE AZEVEDO

 



segunda-feira, 4 de julho de 2022

Licitação dos bens conventuais em hasta pública

 

Licitação dos bens conventuais  em hasta pública




 Vendas dos relatórios e contas da Junta do Crédito Público, organismo encarregado da venda dos bens nacionais desde 1835 até ao fim do ano económico de 1842-43.

      A Venda de bens das corporações de religiosos regulares ( (Decreto de 30 de Maio de 1834) assinado por Mouzinho da Silveira.

     Os Bens da Igreja - Os passais, adquiridos em 1835  hasta publica que nunca foram baldios tinham  oliveiras velhas.

 

     A casa real, a nobreza e o clero eram os proprietários dos recursos que contribuíam para a subsistência do povo.

  Os camponeses, viviam afectados por nunca poderem ser proprietários de nada. Viviam e trabalhavam nos terrenos de um proprietário.



 

     A venda dos terrenos das ordens religiosas em hasta pública a partir de 1836 trouxe um aumento da superfície de área cultivada e produtividade agrícola. Os que compraram, fossem elas férteis ou em desamortização “especializaram-se e melhoraram os cultivos graças às novas inversões.”

      Não se sabendo ao certo o espaço desamortizado pertencentes à nobreza e ao clero, sabemos que o regime liberal teve o objectivo de salvaguardar as suas despesas como acabar com a desamortização e criar uma sociedade de pequenos proprietários adictos ao regime. Se transformassem em novos-ricos.




Entre os bens licitados em hasta pública encontravam-se os campos férteis dentro de grandes propriedades, adquiridas pelos mais ricos a viverem geralmente em cidades, e as parcelas mais pequenas, foram compradas pelos habitantes mais bem-sucedidos (filhos segundos) de localidades próximas.

 

A desamortização dos mosteiros, isolados contribuiu para a transformação de um novo modelo residencial. Os mosteiros viraram a conventos com a concentração de um aglomerado de gente que junto a ele construiu uma povoação. Muitos dos antigos edifícios religiosos passaram a ser utlizados como edifícios públicos; quartéis ao serviço das povoações.   




 

Muitos quadros e livros de mosteiros foram vendidos a preços baixos e acabaram por engrossar os fundos das bibliotecas privadas, públicas ou de universidades.

 

 


 

 

O exemplo dos terrenos dos bispos condes de Arganil

Três quartos da totalidade dos terrenos pertencentes bispos condes de Arganil estavam em desamortização. Eram considerados inférteis, e simplesmente utilizados para caça e corte de árvores.

 

 


       As vendas em hasta publica foram feitas após da constituição liberal. Os proprietários estavam sós com as suas famílias. Era preciso povoar as aldeias desertificadas.




     O local, ou anterior povoado por gente (liberais antes de 1844) que morreu sem perdão, sepultados num solo profano, e um pequeno numero em solo sagrado.