quarta-feira, 6 de julho de 2022

Dicionário Onomástico medieval

 

Dicionário Onomástico medieval

O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa.

Belcouce (Coimbra)

 Na toponímia antiga da cidade, existiam com esta designação um arco ou porta, uma rua e uma torre. De facto, ao cimo da Couraça da Estrela, ergueu-se até 1778 a porta ou arco de Belcouce, a porta principal da Aeminium romana, um dos raros monumentos dessa época que se manteve até ao século XVIII. Apesar da sua demolição, a planta da cidade de 1845 ainda designa aquele local como o “sítio da porta de Belcouce”. Para proteger a muralha, erguia-se, junto ao arco, uma torre com o mesmo nome, mandada edificar por D. Sancho I na primeira década do século XIII; a rua de Belcouce, de que existem poucas referências, deveria ser o prolongamento do largo da Estrela para o lado da Couraça, junto à muralha e à torre.

No Livro Preto, existe um documento de 1123 onde se fala de uma porta “quae arabice dicitur Alcous”, nome que posteriormente aparece sob as formas Valcouce (século XII), Avalcozi (1220), Avalcouze (1230), Avalcouce (1230 e 1317), Val Cousse (1399), e Belcoyce ou Belcouce (do século XV em diante).

A pedra da porta romana foi vendida 24 de Novembro 1845, tendo a Câmara notificado Miguel Carlos satisfazer a importância de 30 mil reis.


No foral de Castelo Mendo menciona-se Magidi, que corresponde a Mido (povoação que pertenceu sucessivamente aos concelhos de Castelo Mendo, até à sua extinção em 1855, Sabugal, e Almeida, a partir de 1870) e a Mangide, em Pinhel.

 Santa Maria de Burio - Um documento de 883 refere-se ao mosteiro de Santa Maria de Burio étimo topónimo seja o latim ‘abegoaria’,

 Cambres com o termo botânico latino CRAMBE ‘couve’, por ser terra muito fértil que, além de vinho, cereais e frutos, produz muita hortaliça, nomeadamente couves.

 Midão e Midões, certamente relacionados com o nome próprio Midon. Tratando-se de um curso de água,

 Pinhal do Peche (Oliveira do Hospital), / pincho dos falares da Beira. - um alótropo moçárabe de pecho, e Pechins –  significa fecho , ou encerrado.” Pinhal fechado.”

 Ribeles (Oliveira do Hospital). Ribadellas XVI - vale sobranceiro ao rio que atravessa a veiga de Lalim.

 Vale de Rocim (Oliveira do Hospital). Vale Rauzendus

 Vale de Taipa (Tábua), Quinta da Taipa (Oliveira do Hospital),— thápia ‘taipa; parede construída de terra e pedra amassadas’ —

 cacheiro ‘a referida saliência’ e ‘espécie de bengala, cujo castão forma ângulo recto com a haste’,

 Pinhal de Farripes (farrapos) (Oliveira do Hospital). Farripas, falripas, farripos e farrepas são sinónimos de ‘cabelos ralos e curtos; grenha’, de origem obscura. Farripa documenta-se como alcunha já em 1278.

 Carapinhal  - árvore chamada carpa, espécie de pereira brava, por anaptixe, resultaria. Carapinho (nome de um casal do carapinhal.), a par de Carapinha e seus

Derivados.  Carapinhal e Carapinheira em terras alentejanas são  sinónimos de Esteval, Esteveira, Giestal - 1059 Pedro A. FERREIRA, Op. cit., vol. III, p. 33, 131 e 234-235. Em passagens anteriores (Op. cit., vol. II, p. 90 e 269),

 Goulinho (Oliveira do Hospital). Relacioná-los com gola, do latim ‘- passagem estreita, corredor’ que dá passagem a pequenos barcos’

 Tal como Carxana (Carregal do Sal), Carrachana pode ser derivado de carcha 'cada uma das partes de uma batata cortada ao meio', vocábulo usado nas Beiras.

 Vale da Borracha (Oliveira do Hospital). moçárabe. Segundo Corominas, o adjectivo borracho. Bêbado’, -‘rojizo’, por el color del que ha bebido”  terá passado do castelhano ao português

 São Pedro de Moel, - configuração geográfica do lugar-  as falésias nele existente. Em documento do tempo de D. Afonso Henriques define as linhas que limitavam o Couto da doação alcobacense . consta, de facto, o nome Moer, não se sabe se ele é referido à dita ribeira ou à própria povoação de São Pedro de Moel - Mon ‘monte’ e calva ‘lugar com pouca vegetação’

A primeira abonação de moleiro, do latim MOLINARIU 'moleiro', também derivado de Mola 'mó', regista-se em 1200.

Columbeira, Vale da Columbeira (Bombarral).

Columbeira é povoação da freguesia de Roliça,  

Pombeira, é derivado do latim COLUMBA ‘pomba’, que tem outros representantes na  nossa toponímia como, por exemplo, Comba e Alcombral.

1409 Da mesma família etimológica são os topónimos moçárabes registados por Menéndez Pidal e Galmés de Fuentes Columber, Columbar e os antigos Qolomba e Santa Qolomba, 1410 nome também presente num documento nacional do século X, que alude a uma vila Colomba.1411 Pedro de Azevedo recolheu no Glosario de Simonet um “númeroavultado de palavras românicas influenciadas pela pronúncia árabe, que se conservam entre nós como nomes de lugares” e que são, por vezes, “apelidos de proprietáriosque se fixaram nas terras que lhes pertenciam por qualquer título.”. Entre esses antropónimos figura Colombária, a que o Autor atribui a etimologia de Columbeira.

D. Afonso Henriques a fundar em 1142 a vila e o castelo do Germanelo, implantando-o sobre um de dois montes de configuração semelhante que, por isso, são referidos, num documento régio de 1160, como germanelos: “O germanellus, por ter a mesma forma cónica e aproximadamente a mesma altura de outro morro, (...) pode dizer-se [seu] irmão germano, gemanelo ou irmãozinho.”.1067 Couto dehomiziados com amplo foral, a antiga vila do Germanelo foi, entre 1142 e 1146, sede de um município que, com o prosseguimento da Reconquista, perdeu importância e se integrou no de Coimbra.

No foral do Germanelo descrevem-se pormenorizadamente os seus limites e pode, de facto, ler-se que o termo “vai depois para o sul indefinidamente e compreenderá tudo quanto os habitantes do Germanelo puderem e quiserem habitar e ocupar”.

 

 De : MARIA LUÍSA SEABRA MARQUES DE AZEVEDO

 



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