segunda-feira, 16 de maio de 2022

Infante D. Afonso, 3.º Duque do Porto

 

 Infante D. Afonso, 3.º Duque do Porto

 (Ajuda, Lisboa, 31 de Julho de 1865 — Nápoles, 21 de Fevereiro de 1920)

Ao contrário do que possa parecer pelos convidados, o infante D. Afonso, 3.º Duque do Porto, não exercia qualquer influência na corte. "Nunca tinha vintém. Os ajudantes ou oficiais às ordens não lhe emprestavam dinheiro, porque sabiam que ele não lhes pagava", desvenda Raul Brandão nas suas memórias. A partir de 1902, o irmão do Rei tornou-se comandante honorário dos bombeiros, pelo que dispunha de um telefone especial em casa para ser informado das principais ocorrências. Mas sobressaiu essencialmente devido à sua paixão pelos carros. Ganhou até a alcunha de Arreda – por ser esse o grito que dava aos peões para se desviarem do caminho, numa altura em que só havia uma centena de automóveis em todo o País.

Numa carta ao irmão, citada na biografia de Rui Ramos sobre o penúltimo Rei de Portugal, falava com entusiasmo sobre o automóvel comprado em Itália (era fã da FIAT), que tinha "oito cavalos de força" e no qual atingiu a estonteante velocidade de "50 km em descidas, e 40 a 50 em caminho direito".

Um ano depois, em 1901, foi publicado o primeiro Código da Estrada, que impunha um limite máximo de 10 km por hora. Seguramente por excesso de velocidade, o infante protagonizou um dos primeiros desastres em Portugal, quando o carro derrapou, na estrada entre Sintra e Cascais – os jornais de 27 de Agosto de 1906 deram conta desse acidente, que deixou "Sua Alteza com uma costela quebrada".

 

Extravagâncias de D. Maria Pia

 

Extravagâncias de D. Maria Pia    

 

  Depois da morte do marido, o Rei D. Luís, em 1889, na Cidadela (Cascaes), surgem varias versões:

Quando D. Maria Pia abandona Cidadela, dizia-se que a viúva não querendo voltar ao Palácio decidiu comprar um chalé na marginal, Monte Estoril, onde passava longas temporadas com o seu filho mais novo, o infante D. Afonso. A verdadeira razão está na discórdia de D. Carlos em suportar os encargos do numero de  criados e reduzir as despesas da casa real. 

A Rainha-mãe, seguramente era a figura mais extravagante da família, em claro contraste com a nora. A documentação arquivadas das despesas da casa real provam que gastou uma fortuna em obras de arte, pratas, sedas e móveis para mobilar a sua nova residência de férias, apesar de as finanças reais estarem já em ruptura. Pediu então dinheiro emprestado ao conde de Burnay, o homem mais rico no fim da monarquia, e como caução deixou-lhe jóias, que recuperaria assim que saldasse a dívida – o banqueiro acumulou 369 peças de ourivesaria da Rainha-mãe, que foram leiloadas em 1912 para recuperar o dinheiro emprestado, segundo Eduardo Alves Marques, autor do livro «Se as Jóias Falassem.»

 

Numa altura em que D. Maria Pia já estava cheia de dívidas às ourivesarias Leitão & Irmão, estes solicitavam a regularização dos pagamentos que enviavam por carta. os recibos arquivados provam que a

  Rainha-mãe conseguiu pagar o que devia, e que de imediato contraiu novo empréstimo no valor de 350 mil reis à  ourivesaria Leitão & Irmão para comprar um faqueiro de prata, que ainda existia   no seu chalé da marginal,  Monte Estoril.

 o  serviço de prata era  o terror dos empregados sempre que a Rainha-mãe os mandava servir o jantar na praia. "Armava-se uma grande barraca de lona, mas era um castigo para nós, a enterrarmo-nos na areia, e sempre com medo de que lá ficasse perdida alguma colher de prata. (…) Às vezes fazia-se noite, cerrava-se o nevoeiro, e não sabíamos por onde andávamos, com o serviço às costas. A sr.ª D. Maria Pia não percebia as dificuldades por que passávamos. Não descia a certas coisas, e ninguém se atrevia a dizer-lhe nada", queixou-se Vital Ferreira Fontes,  moço da sala da casa real, criado da monarca, que   deixou um livro de memórias « Servidor de Reis e de Presidentes.»

 

Mas muitos outros dramas estão registados pelos seus serviçais nas deslocações do Palácio da Ajuda para o período de vilegiatura em Mafra:

      -  "Para fazer as coisas como a Sr.ª D. Maria Pia desejava, tinha de se andar dum lado para o outro com carrões de móveis e roupas, porcelanas e cristais, tudo enviado com dias de antecedência para estar já armado quando a Rainha chegasse. (…)

 

  Da Ajuda para Mafra ia um piano e o seu afinador por que com a Sr.ª D. Maria Pia tinha que andar tudo afinado"! - frisa Vital Fontes,  o criado da Rainha, que também se recorda da Rainha-mãe andar  de  patins em Mafra , ainda desconhecidos Portugal.   

 

O conde de Mafra, Tomás de Mello Breyner, confirma nas suas memórias que a família real mandava transportar para ali todos os anos os fogões de sala, as braseiras e o piano, que eram transportados  sobre carros puxados por bestas com   oito homens a  fazerem a viagem de 40 quilómetros a pé.

 

Outra excentricidade da época foi "o primeiro elevador que se conheceu em Portugal", referido pelas damas de D. Maria Pia, e pelo criado Vital Fontes que o descreveu: " subir com 10 pessoas, à custa doutros tantos homens que o puxavam à corda."

Este elevador construído no Palácio de Sintra era puxado por 16 homens. Quatro em cada corda.

  Raul Brandão contou nas suas memórias que D. Maria Pia estava constantemente a fumar charuto e a atirar as pontas para onde calhava, sobre os sofás e os tapetes, o que deixava sempre o criado em sobressalto, com receio de que deflagrasse um incêndio.

 D. Maria da Piedade Correia de Lacerda Lebrim de Vasconcelos [1857-1925] dama D. Maria Pia como a Marquesa do Unhão, Deixa-nos algumas informações.

 D. Maria Pia  era Vista como uma mulher nervosa, que reagia mal ao bater de uma porta, não usava perfumes, por lhe provocarem dores de cabeça. A sua despreocupação com o orçamento familiar foi ao ponto de, no dia em que nasceu o seu primeiro neto, o príncipe D. Luís Filipe (filho de D. Carlos e D. Amélia), ter oferecido relógios de ouro a todos os fidalgos.

 

     As festas faziam passar o mal humor da rainha velha. D. Maria Pia, estava visivelmente satisfeita, a receber os régios visitantes e personalidades no alto da escadaria principal em companhia das damas camaristas da sua comitiva particular: Marquês de Soveral, Luís Maria Pinto de Soveral, conde de Sabugosa, conde de Tarouca e Figueiró,  visconde de Asseca, p coronel Duval Telles,  major Garcia Guerreiro, condessa de Antrim e Figueiró,  condessa de Seisal, conde da Ribeira Grande,  coronel Duval Telles, visconde de Asseca e  conde de Arnoso. Seguiam atrás o coronel Benjamim Pinto, o conde de Sabugosa, o coronel Fernando Eduardo de Serpa Pimentel. A  rainha velha seguia na frente para  receber  as visitas  régias  estrangeiras no largo do pátio interior do Paço de Sintra (hoje exterior) com a sua  larga escadaria, encontrava-se a guarda de honra composta por 50 homens do   Batalhão de Caçadores 2 apresentando  armas sob o comando do capitão Chrysogono Pinto.

                                       O ascensor do Paço de Sintra

  Consta-se a existência de um elevador no palácio de Sintra  ao cimo da rampa à direita da escadaria, que fazia a ligação aos aposentos da rainha viúva: 

        - Prosseguindo pela rampa à direita da escadaria chegava-se ao “elevador”,  que fazia a ligação  entre o piso térreo e os aposentos da rainha viúva, no andar nobre, próximo da Sala dos Cisnes.- referido por  D. Maria da Piedade Correia de Lacerda Lebrim de Vasconcelos 

       O ascensor instalado num pequeno pátio de onde era puxado por um cabo com “guincho” controlado manualmente por vários criados. O interior da cabina e os dois bancos, um  de cada lado   “estofados em   seda adamascada”.

  O ascensor evitava a rainha e os seus convidados, duques de Connaught,, imperador da Alemanha e  presidente da República Francesa  em 1907 a  subirem cerca de sessenta degraus da escadaria da fachada principal e das duas escadas interiores, em pedra que ainda hoje levam os visitantes até ao andar nobre. Mas o restante séquito de convidados eram conduzidos para a Sala dos Cisnes.

     Os almoços eram servidos na Sala das Pegas. “onde sempre foi  a “casa de jantar dos reis. “Composta por uma mesa de Estado, para 40 pessoas, sempre com a mesma disposição de lugares. A Marquesa de Belas ficava entre o marquês soveral e o Conde de Sabugosa de um lado, e a Marquesa de Unhão do outro lado.   

 


Entre os criados da casa real , estavam os reconhecidos de maior confiança do rei D. Luís e da rainha-mãe , o Manoel Caetano da Silva, o “senhor Manuel” referido nos jornais, “primeiro cozinheiro e encarregado da Real Cozinha” no Paço da Ajuda, e o  “commendador Antonio Duarte” “encarregado do serviço das mezas de Estado  do Paço da Ajuda, não esquecendo o mestre-sala conde de Figueiró, sob as ordens do mordomo-mor da Casa Real, conde de Sabugosa.

. Jorge da Cruz Reis, almoxarife do Real Paço de Sintra, responsável pela gestão da equipa do almoxarifado, pela administração financeira da propriedade régia.  Fernando de Serpa Pimentel. Era o “Inspector-geral do Real Palácio”. 

      Os restantes funcionários experientes, ao serviço da Casa Real pertenciam a um escalão mais inferior como o conhecido Vital Fontes que nos descreve: - A casa real no tempo de D. Luiz contava com cerca de 80 criados, sendo o seu número reduzido a metade pelo rei D. Carlos.

 

Vital Ferreira Fontes -cinco décadas de vida a apascentar reis e presidentes.

 

  Vital Ferreira Fontes passou mais de cinco décadas de vida a apascentar reis e presidentes. Natural da freguesia de Santana, concelho da Sertã, fora enjeitado à nascença, deitado à roda. Consta que seu pai era fidalgo, «um senhor que não me quis», dirá Fontes, já no fim da vida, ao jornalista Rogerio Perez, que compilou o testemunho do antigo serviçal da Ajuda e de Belém em Servidor de Reis e de Presidentes, livro publicado em 1945 pela Editora Marítimo-Colonial, Lda.

 

     Começou no Palácio da Ajuda, com D. Luís. Antes disso, servira como soldado do 8 de Cavalaria, em Castelo Branco, e depois em Artilharia 1, em Lisboa. Os preparativos do casamento de D. Carlos obrigaram à contratação de pessoal suplementar para a Ajuda e para as Necessidades. Vital veio – e ficou. Mais de cinquenta anos. Entretanto, deu-se uma revolução, e com ela mudou o regime político. Instaurada a República, questionaram-no se queria continuar ao serviço. «Entenderam perguntar-me se desistia do lugar, e eu respondi que continuava servindo a Nação, se me fosse permitido. Como não havia nada contra mim, e todos me conheciam como empregado zeloso e cumpridor, mandaram-me então para o Palácio de Belém.» Com o mesmo desvelo com que outrora servira monarcas e príncipes de sangue azul, entregou-se agora a tratar de presidentes, eleitos e republicanos. Por ele passaram todos os da Primeira República, que foram sete. Mais tarde, os da Ditadura Militar, entrando pelo Estado Novo adentro. Vital Fontes reformou-se no tempo de Carmona, indo viver para uma modesta casinha no Alto da Ajuda, na companhia da sua mulher (e de uma horta com couves). Mas, apesar de aposentado, continuava a visitar Belém e a Ajuda, onde dava corda aos relógios. Deslocava-se à Presidência sempre que o Chefe do Estado lá ia (um dia por semana: às quartas-feiras), acompanhando-o ainda quando Carmona ia aos teatros da capital. Tinha, entre outros dotes, um talento especial para acender os cigarros que o Presidente enrolava, muito fininhos. Não era um pormenor de somenos. Ainda que o marechal fizesse os seus cigarros com suma perícia, sobravam sempre uns fiapos de tabaco; havia que lhes dar lume com os maiores cuidados, não fossem eles queimar a farda de gala do Chefe do Estado ou a toalha da mesa de cerimónia. A chegada dos isqueiros – a que Vital chama «acendedores automáticos» – tornou esta função dispensável, mas outras tarefas de relevo tinha o mordomo de desempenhar. Por exemplo, certificar-se, antes de cada banquete, que os pés da mesa não coincidiam com o lugar do Presidente, incomodando-o; acontecera uma vez, aquando da Exposição do Mundo Português, e a falha deixou Carmona deveras arreliado. Fumador compulsivo, o Chefe do Estado, que ademais era frugal na alimentação, passava tormentos nos banquetes de gala, no advento do seu cigarrinho. Logo que servia a sobremesa, Vital sussurrava-lhe, discretamente, «É agora!», e de imediato António Óscar de Fragoso Carmona passava à sala adjacente, onde se tomava café – e se podia fumar…

A propósito de fumos, o livro conta que terá sido em Lisboa, ainda nos tempos da Monarquia, que Afonso XIII queimou o seu primeiro cigarro, protegido por D. Carlos e às escondidas de D. Amélia. Ao que parece – di-lo Vital Fontes com uma ponta de escândalo –, na Corte espanhola as senhoras fumavam. E até a rainha de lá o fazia, algo nunca visto em terras de Portugal, pelo menos em público.

Mas o que mais horrorizava o serviçal de reis e presidentes eram os modos dos convidados à mesa, no decurso dos banquetes oficiais em Belém ou na Ajuda: gente que erguia o copo a reclamar mais vinho, como se estivesse numa taberna; convidados que se sentavam antes que a mesa de honra o fizesse; senhoras que olhavam desconfiadas quando os criados lhes ajeitavam as cadeiras; cavalheiros que gesticulavam com os talheres nas mãos, outros que levavam a faca à boca. Havia até quem pedisse palitos no final das refeições! «Já me tem acontecido pedirem-me palitos e, o que é pior, usarem deles com grande à-vontade, fazendo até com a língua aquele ruidozinho que é o pior dos ruídos.» Mas era possível descer mais baixo: «pior que o uso do palito é aquilo de substituir a lavagem dos dentes com o bochechar do café. Que também já vi disso» − conclui Vital Fontes, acrescentando em pesaroso balanço de vida: «Que não terei eu visto em tantos anos de banquetes?!...»

Nem tudo foram mágoas, porém. Em Luanda, por exemplo, quando aí se deslocou acompanhando Carmona em visita oficial, Vital Fontes observou, com maravilhado espanto, «um banquete de quinhentos talheres, e que bem servido, por negros que envergonhariam muitos criados brancos.» Também no Lobito a criadagem africana mostrou ser capaz de servir um ágape faustoso no Hotel dos Caminhos de Ferro. Em Porto Aboim, Vital presenciou outro episódio, este patriótico e comovente. Após ter avistado Carmona, um ancião negro, com 105 anos de idade, virou-se para o seu patrão e disse que já podia morrer tranquilo. Porquê? «Porque já vi o branco que manda em todos os brancos.» Vital Fontes acrescenta, com orgulho nacionalista, que para os africanos o tratamento de «brancos» era reservado aos portugueses; os outros eram ingleses, franceses, germanos, mas «brancos» só existiam uns, os colonos de Portugal.

Desengane-se quem pense que o livro se cinge ao longo consulado de Óscar Carmona. Servidor de Reis e Presidentes fala-nos da agonia e morte de D. Pedro V (que Vital garante ter sido assassinado); das «aventuras de amor» de D. Luís, um rei que, além do amor, «comia muito, e tudo com pão e manteiga»; da visita a Portugal do futuro rei Eduardo VII, na altura ainda príncipe de Gales, com paragem festiva em Lisboa e uma burricada à Pena; das desavenças entre D. Maria Pia e a duquesa de Palmela por causa de uma cabeleireira, que preferiu servir a duquesa, pois esta pagava melhor do que a rainha de Portugal; dos trabalhos da criadagem sempre que Maria Pia decidia jantar na praia, no Estoril, obrigando os serviçais a verificar se algum talher de prata não ficara perdido no areal; de ter sido essa rainha, pouco modesta nos gastos, a introduzir em Portugal o primeiro elevador (instalado em Mafra) e os patins de rodas; da simplicidade de hábitos do infante D. Afonso, sempre metido nas garagens de Belém, as mãos sujas de óleo de reparar automóveis (que depois conduzia desenfreadamente, o que lhe valeu, na Lisboa do tempo, a alcunha de «Arreda»); do desdém de D. Carlos pela «excessiva etiqueta», a ponto de ter abolido o beija-mão na Corte portuguesa; da tormentosa noite do regicídio, quando raros fiéis se apresentaram nas Necessidades para velar os cadáveres de D. Carlos e do Príncipe Real; do ambiente pesado dos últimos dias da Monarquia e da atribulada fuga da família régia até à Ericeira, de onde partiu rumo ao exílio.

 Depois, a República. E, com ela, os presidentes. Teófilo Braga, que só a muito custo foi convencido a deslocar-se a Belém em viatura própria, abandonando o uso do eléctrico ou do popular «Chora». Manuel de Arriaga, que pagava do seu bolso uma renda mensal avultada – cem escudos – para pernoitar em Belém (antes disso, alugara um palacete na Horta Seca e comprara um automóvel para as deslocações oficiais). Bernardino Machado, que concedia intermináveis audiências a pessoas das mais variadas origens sociais e gastava todo o salário em festas e recepções. Sidónio Pais, que sofria de insónias e trabalhava noite fora, com a capa militar pelos ombros e um cobertor pelos joelhos. Morreu em funções, baleado na Estação do Rossio. Ou, nas palavras de Vital Fontes, «O sr. dr. Sidónio Pais foi um dia ao Porto, e à volta só o vi depois de embalsamado, na sala Luís XV, cheia de gente a desfilar e muitos a chorar.»

Nitidamente, o aprumado Vital apreciava sobremaneira a figura de Manuel Teixeira Gomes e o apuro do seu gosto. Chama-lhe «príncipe árabe» e recorda, com indisfarçável saudade, a elegância do Presidente e homem de letras que, curiosamente, era ferrenho adepto de futebol, assistindo, sempre que podia, a uma partida «do jogo da bola». Em contraste com esta admiração por Teixeira Gomes, os modos de caserna de Gomes da Costa, cujos gritos de fúria troavam por todo o Palácio de Belém, não deixaram saudades no refinado serviçal de reis e presidentes.

A perspectiva de Vital Ferreira Fontes – e aí reside o interesse do seu livro – é a perspectiva do criado. Não o do conhecido filme de Joseph Losey, que pouco a pouco inverte a hierarquia das posições entre senhor e servo. Vital jamais o faria. Pelo contrário, mostra-se sempre respeitador e humilde perante a memória de todos quantos serviu.

Mais curioso ainda é saber que também no nosso tempo existiu uma versão aggiornata de Vital Ferreira Fontes. De seu nome João Casteleiro, esteve 43 anos em serviço no Palácio de Belém. Pese a diferença de muitas décadas, as trajectórias de vida de um e de outro revelam surpreendentes afinidades. João Casteleiro tinha nove anos quando o pai foi contratado para o Palácio de Cascais, no forte da Cidadela, servindo o último presidente com que Vital trabalhou, Óscar Carmona. Durante a adolescência, João Casteleiro empregou-se numa farmácia, nas imediações da Cidadela, cumpriu os deveres militares e, entrando na idade adulta, pediu ao pai que o colocasse em Belém. O Presidente de então, Craveiro Lopes, acabou por contratá-lo como contínuo, tinha ele 29 anos. Depois, seguiu-se Américo Thomaz – que, à semelhança de Carmona, só se deslocava a Belém uma vez por semana. Quando ocorre o 25 de Abril, o Palácio esteve três dias entregue aos funcionários, que ocuparam o tempo em jogos inocentes e brincadeiras de salões. Numa célebre cadeira com dois leões dourados – que Júlio Pomar colocaria no retracto oficial de Mário Soares – os colegas sentaram João Casteleiro, e nomearam-no Presidente, funções que exerceu três dias, até à chegada dos militares. Num registo semelhante ao de Vital Fontes, João Casteleiro diz que todos os presidentes que serviu, antes e depois da revolução de Abril, eram «homens bons». Nutre especial afeição por Ramalho Eanes e recorda o «feitiozinho» de Mário Soares: «zangava-se muito, gritava, mas depois passava-lhe rápido!» Uma vez, o Presidente ficou exasperado por terem servido rosbife a convidados ingleses, que obviamente já conheciam o prato e decerto pretendiam provar a comida portuguesa. Apesar das suas zangas momentâneas, em 1983 Mário Soares concedeu-lhe o título oficial de «mordomo» do Palácio de Belém, funções que abandonou durante a Presidência de Jorge Sampaio. Se Vital Fontes se lamenta, muito  do temperamento azougado dos filhos de Bernardino Machado, João Casteleiro demitiu-se devido ao filho de Jorge Sampaio o ter preterido na organização de um evento, favorecendo um funcionário mais novo, segundo referiu o mordomo em entrevista ao jornal Correio da Manhã, em Janeiro de 2016. Passam os tempos, mudam as chefias do Estado. Mas lá permanece, intocada, a perspectiva do criado. Da Monarquia à República, atravessando o Estado Novo e o Portugal democrático, Vital Fontes e João Casteleiro partilharam o mesmo destino, sobre o qual, de resto, têm visões bastante próximas. Outros os seguirão, pois servir é tarefa antiga. Tão velha que até vem na Bíblia.




Depois de várias conversas com seus sobrinhos em 1975, vim adquirir  o livro dos testemunhosde Vital Fontes. O antigo serviçal,  Servidor de Reis e de Presidentes, que só era possivel comprar   num Alferrabista. 


-Condessa d´Edla

 

  


Countess d'Edla   -Condessa d´Edla 


A memória de alguns dos mais idosos, habitantes do Estoril, da Parede contaram-me o tempo da Condessa d'Edla.

 

 Elise Friedericke Hensler, Countess d'Edla   -Condessa d´Edla (1836 – 1929). Filha de Johann Friederich Conrad Hensler        (26 Junho 1811-?) Louise Josephe Hechelbacher (1808-?) e irmã de Mina Louise Slade 19 Junho 1838- Maio 1922) casada com o silvicultor norte-americano John Slade, que a pedido de D. Fernando introduziu no Parque de Sintra certas espécies arbóreas no parque, vindas da América do Norte.

     Aos doze anos, emigrou com a família para Boston, nos Estados Unidos, onde recebeu uma cuidadosa educação. Amante das artes e das letras, terminou os seus estudos em Paris. Ao longo dos anos, tornou-se fluente em sete idiomas.

     Elisa Frederica Hensler, cantora alemã agraciada com o título de Condessa de Edla pelo príncipe Ernesto II, de Saxe, chegou a Portugal no dia 2 de Fevereiro de 1860 para cantar no Teatro Nacional São João, no Porto. Actuou em seguida no Teatro Nacional de São Carlos, de Lisboa, no dia 15 de Abril de 1860.

     O Rei D. Pedro V fez ver que era contra o casamento, seu irmão D. Luís não se preocupou, tendo Maria Pia um mau relacionamento com o sogro.      

A nobreza portuguesa dividiu-se -se na apreciação do casamento entre o rei e a ex-cantora de ópera. Talvez por isso ela tenha sido quase esquecida da História de Portugal. Elise Hensler, ou condessa d’Edla, desposou morganaticamente D. Fernando II, (Ferdinand August Franz Anton von Sachsen-Coburg und Gotha 1816 – 1885) tornando-se sua segunda esposa a 10 de Junho de 1869, em Benfica, quando D. Luís reinava.

A célebre cantora de ópera tornou-se pintora e ceramista.

 

chalet Edla

 

  Realizado o projecto para o chalet que viria a ser conhecido com o seu nome. Com efeito, embora desconheçamos a data exacta desse projecto, sabemos que, em 1867, o edifício estava adiantado o suficiente para que se iniciassem os revestimentos interiores de estuque e de pintura, que ficaram a cargo de Sebastião Ribeiro Alves. As obras deveriam ter terminado por volta de 1869, ano em que Elisa Hensler casou com o rei D. Fernando II de Portugal. Após a morte deste, em 1885, Elisa Hensler abandona Sintra tendo em seu poder os bens todos os bens herdados do marido no Parque da Pena, que anteriormente pertenciam à coroa portuguesa, foram recuperados por D. Carlos I que, pagou 410 contos à condessa. 

     Elisa Hensler passa a viver com a sua filha Alice em Lisboa até 1911, ano em que faleceu aos 92 anos de idade no "Palacete de Santa Marta” e sepultada no Cemitério dos Prazeres.

     A condessa d’Edla recebeu, na morte, o tratamento e as honras de uma figura de Estado; Rainha D. Amelia e seu filho D. Manuel II ao receber a noticia da sua morte pediram ao Visconde de Asseca que os representante ao funeral.

 

Em 1999, o chalet da condessa d'Edla foi consumido por um incêndio, tendo reaberto ao público em 2011.

 

 

Alice Hensler,( 1865), natural de Paris, com o registo de filha de pais incógnitos.

 

 

     Alice julgou-se sobrinha de Elise Friederike Hensler, (La Chaux-de-Fonds, Neuchâtel, 22 de maio de 1836 — Lisboa, Coração de Jesus, 21 de maio de 1929), futura condessa de d’edla, que nos últimos dias da sua vida, em 1929, confessou a Alice, que não seria sua tia, mas sua mãe.

 

Voltando aos tempos de meninice de Alice Hensler, a viver no colégio interno das Salésias.

Segundo diz Emílio Navarro: a sobrinha decidiu fugir do mediatismo depois do casamento de D. Fernando com sua tia Elise Hensler, a 10 de Junho de 1869, com D. Luís no reino.

Sabemos que Alice Hensler, saiu do palácio das Necessidades no dia do seu casamento no mês de Setembro de 1883, realizado na igreja de Alcântara, levando consigo a roupa festiva que trazia vestida. - Tudo leva a crer que sentiu-se abandonada no colégio das Salésias, e estava sentida. A relação entre Alice e Elise nunca deixou de ser estreita.

 

     A honra da época de um oficial da marinha era receber a sua esposa resignando qualquer ajuda, e viver do seu salario.

  Manuel de Azevedo Gomes (19 de Outubro de 1847 — Parede, 14 de Julho de 1907) e Alice rapidamente tiveram três filhos: Alda Hensler Azevedo Gomes 1884; silvicultor, botânico e professor universitário Mário Hensler Azevedo Gomes (1885-1965), nascidos em Angra do Heroísmo, Açores. A filha mais nova, Isabel Maria Hensler Azevedo Gomes nasceu em Lisboa, freg. Santa Isabel 01.06.1889 -- Cascais 09.09.1970)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quinta do Moledo 

 

 

      Alice Hensler, esposa Manuel de Azevedo Gomes, genro da Condessa Edla.   

D. Alda de Azevedo Gomes, Mário Hensler Azevedo Gomes, Isabel Maria Hensler Azevedo Gomes netos da Condessa.

     Bisneto da Condessa Engenheiro António Campos de Andrada, casado com René da Silveira Dargent (Irmã Dr. Georges Dargent, ex-Presidente da Câmara de Cascais), e co-proprietário da Casa das Pedras,  mandada construir pelo avô capitão-de-mar-e-guerra, Manuel de Azevedo Gomes. A Quinta do Moledo, que se estendia a sul diante do mar, sobre a Praia das Avencas, na Parede,

 

Moledo palavra relacionada com a abundância de pedra.  Os terrenos desta antiga quinta, hoje urbanizada, estendem-se a sul diante do mar, sobre a Praia das Avencas, na Parede. Do lado oposto, na extremidade norte da quinta, passa ainda hoje a linha do comboio, a partir da qual se desenvolveu no início do século XX uma povoação estendida entre os carris ferroviários e a avenida marginal.

Mandado construir por Manuel de Azevedo Gomes, capitão da marinha

 

Elise Friedericke Hensler, Countess d'Edla   -Condessa d´Edla (1836 – 1929)

  

Após o falecimento de D. Fernando II, em 15 de Dezembro de 1885- “Condessa d'Edla vai viver sozinha com os seus criados para o Palácio de Santa Marta (Palácio Raposo), Lisboa, e esporadicamente, visitava de o Chalet da Pena, onde viveu com o marido, que o mandou construir entre 1869 e 1875. O chalet passou só a ser utilizado para receber as visitas da família real.   

     A Condessa d'Edla mandou erigir uma casa na Bafureira, Parede, em 1901, perto da casa da sua filha, projectada pelo arquitecto Nicola Bigaglia, que é demolida a 16 de Fevereiro de 2000, onde actualmente está situada os condomínios da condessa.

     Palácio do Raposo situava-se na rua Alexandre Herculano, (confrontava com a Rua Camilo Castelo Branco, Rua Alexandre Herculano e Rua de Santa Marta), em Lisboa Local onde  Elise Friedericke Hensler, Countess d'Edla   -Condessa d´Edla ,  faleceu 21 de Maio de 1929 terá sido demolida por volta de 1940, dando  lugar a  dois prédios,   sendo um deles o local da  garagem, Auto Santa Marta.

Tempestades em Portugal


Tempestades

 Dos séculos XVII e XVIII chegam-nos notícias de várias outras situações tempestuosas em Portugal como, por exemplo, as de início de Dezembro dos anos de 1600 e de 1639, ou as de 19 de Novembro de 1724 e de 15 de Outubro de 1732 com prejuízos avaliados em 50 000 cruzados de prata. Todas, quer pela extensão de território atingido, pela violência do vento, quer ainda pelo volume dos prejuízos e o número de vítimas que são reportados, parecem poder equiparar-se à que veio a repetir-se a Dezembro de 1739.

 

(a)1 Conto (1000$000 reis) = 2500 cruzados. - 1.º Conde de Campo Bello - Adriano de Paiva de Faria Leite Brandão. O título de Conde de Campo Belo foi criado por carta de 10 de Fevereiro de 1887 do rei D. Luís I de Portugal.

 

 

     As observações meteorológicas instrumentais, em Portugal, têm início nos anos 70 do século XVIII. O clima de Portugal anterior àquela década tem vindo a ser reconstituído exclusivamente com base em fontes documentais descritivas, em que, de um modo geral, são os extremos climáticos que surgem registados. Dada a subjectividade que este tipo de informação encerra, a análise crítica do maior número de fontes possível é um procedimento essencial. Analisa-se aqui o temporal ocorrido em grande parte do território de Portugal continental, entre 3 e 6 de Dezembro de 1739.

À violência do vento do quadrante Sul, que pelos efeitos relatados poderá ter atingido velocidades da ordem dos 120km/h, associaram-se chuvas contínuas e intensas, que originaram cheias nas bacias dos rios Tejo, Mondego e Douro. Os prejuízos foram muito avultados, havendo referências à perda de vidas humanas e à morte de muitos animais. Tal como na actualidade, também no passado estes episódios de ventos fortes e de chuvas intensas ocorreram em situação de fluxo do quadrante Sul.

A tempestade terá igualmente assolado toda a província do Minho e dos locais de Cuba, Évora, Montemor-o-Novo, Lisboa, Santarém, Coimbra e o Porto.

  Lisboa, a força do vento terá originado avultadas perdas, surgindo referências a ruínas em casas, a árvores arrancadas e a grandes estragos em muitas embarcações que se encontravam estacionadas no Tejo, vindo alguns navios dar à costa e naufragando outros. Segundo os relatos, terão perdido a vida muitas pessoas. As condições meteorológicas em Santarém não terão sido muito diferentes, falando-se também em “tempestade de vento”

 

 O TEMPORAL de Coimbra de 3 A 6 DE DEZEMBRO DE 1739 EM PORTUGAL RECONSTITUIÇÃO A PARTIR DE FONTES DOCUMENTAIS DESCRITIVAS JOÃO PAULO TABORDA – (1739)

 

À violência do vento do quadrante Sul, que pelos efeitos relatados poderá ter atingido

Velocidades da ordem dos 120km/h -terão perdido muitas  vidas humanas.   

 A 3 de Dezembro athe 6 do mesmo mez do prezente anno de 1739. Infelizmente cauzou nesta Cidade de Coimbra huma sempre memoranda Tempestade”, impressa em Coimbra, no Real Collegio das Artes da Companhia de Jesus, no ano de 1740. Esta “Relaçaõ” parece assentar num testemunho vivido e, de acordo com o título, terá sido composta em Coimbra ainda em Dezembro de 1739, ou seja, poucos dias após o evento meteorológico em estudo ter ocorrido. Tais factos conferem autenticidade e credibilidade às palavras de Alvarenga, uma vez que afastam a suspeição de se tratar, quer da adaptação pela sua pena de uma descrição ouvida a terceiros, quer de algo ocorrido num passado mais ou menos afastado e, como tal, já de contornos diluídos pelo tempo.

Confere a esta descrição meteorológico ter sido escrita sob a forma de poema, dividido em trinta e nove oitavas, tantas quantos os anos que então eram decorridos do século XVIII.

 Poeta MANOEL JOZÉ CORREA ALVARENGA, nasceu na  Cidade de Braga a 4 de Janeiro de 1717,  tendo falecido na segunda metade do século XVIII.,  estudou no  Collegio patrio de S. Paulo dos Padres Jesuitas. Fez a relaçaõ dos estragos, que desde o dia 3 de Dezembro até 6  do mesmo mez do presente anno de 1735,  causou nesta Cidade de Coimbra huma sempre memoranda tempestade.

 

Martinho Lopes de Morais Alão nasceu na cidade do Porto em 1713, e era já falecido em 1789, descreve fatal mez de Dezembro 1739.

 Destruiçam do Porto, e seus suburbios acontecido no fatal mez de Dezembro de 1739 offerecido à Venerável Prodigioza, e Sacrosanta imagem do Senhor D’Alem. Venerada na Santa Igreja Cathedral da mesma cidade por hum cordialíssimo devoto deste Senhor”, obra em setenta e sete oitavas, impressa no Porto, no ano de 1740. Estrofe a estrofe, vão-se sucedendo as referências às diversas ocorrências, que caracterizaram o estado do tempo no Porto durante aqueles dias, bem como às suas consequências.

 


  O Observatório Meteorológico do Infante D. Luís foi fundado em 1854.

 

João Carlos de Brito Capelo nasceu em 1831- 1901 filho o Major Félix António de Gomes Capelo, e Roberto Ivens fez a famosa travessia no continente africano, entre Angola e a Costa do Índico;

Irmão de Hermenegildo Carlos de Brito Capelo (1841-1917) ; Félix António de Brito Capelo (1828-1879), biólogo e oceanógrafo e vice-almirante Guilherme Augusto de Brito Capelo (1839-1926). Comissão Internacional de Meteorologia, criada em 1878. Família ligada cientista de renome internacional, com uma obra que abarca não só o panorama relacionado com a Meteorologia e Navegação Marítima, como a Física e Astronomia.

 São de destacar as tempestades de 15 de Fevereiro de 1941, e de Dezembro de 1981.

 As velocidades prováveis das rajadas máximas no caso do ciclone de Dezembro de 1739 e as que foram medidas em 1941 e 1981, tiveram ventos na ordem de 100-130km/h.

 Segundo informações da época, o ciclone de 1941 formou-se entre a Madeira e no Cabo de S. Vicente o vento terá atingido em Lisboa a velocidade de 127 km/h. No resto do país os ventos atingiram valores ainda mais elevados, com o anemómetro da Serra do Pilar a registar rajadas de 167 km/h.

      Pela violência do vento, que fustigou o país de Norte a Sul, o cenário de destruição do dia 15 de Fevereiro de 1941, tal como o noticiou a imprensa, atingiu proporções de verdadeira tragédia: milhares de árvores arrancadas, estradas intransitáveis, casas destelhadas, reduzidas a montões de destroços, chaminés ruídas, famílias sem-abrigo, povoações isoladas, a rede eléctrica destruída e as ligações telegráficas e telefónicas interrompidas, sementeiras perdidas e... uma centena de mortos e dezenas de feridos e desaparecidos, nomeadamente em áreas costeiras e ribeirinhas, onde a ocorrência de naufrágios foi enorme. De acordo com as declarações de Amorim Ferreira a “O Século” (16 de Fevereiro de 1941).

      ”. No dia 15 de Fevereiro de 1941, os valores da pressão atmosférica desceram até 937hPa em Coimbra, 950hPa em Lisboa/Geofísico e 931hPa em Évora. O vento máximo instantâneo foi de 133km/h em Coimbra e de 129km/h em Lisboa. Segundo M. Costa Alves (informação oral) tratou-se de uma perturbação extrema isolada, com trajectória pela Estremadura e que, em comparação com a situação de Dezembro de 1739, gerou valores de precipitação relativamente modestos (16.5mm em Lisboa).

 Entre 26 e 31 de Dezembro de 1981, Portugal foi assolado por um temporal, que teve o seu paroxismo nos dias 29 e 30: “Do Minho ao Algarve, chuvadas de grande intensidade e rajadas de vento ciclónico – que chegaram a atingir 120 quilómetros horários – causaram prejuízos de valor ainda incalculado e perturbaram a normalidade de todas as actividades. No total, houve a lamentar a perda de trinta vidas humanas.


1889-  Certas  regiões  do interior do  distrito de  Coimbra passaram o Inverno  com  temperaturas muito baixas, danificando o solo para as culturas do ano seguinte. 

    Anos chuvosos – 1855- 76- (1895 foi muito intenso )  região de lisboa, Coimbra e Aveiro.

Anos Secos -1854 -1863-1874-1875- (1896 foi muito intenso  ) 

             a   decorrência da seca    provocou dois anos sem safra. os     Anos chuvosos resultou um ano de  perdas.