Tempestades
Dos séculos XVII e XVIII chegam-nos notícias de várias outras situações tempestuosas em Portugal como, por exemplo, as de início de Dezembro dos anos de 1600 e de 1639, ou as de 19 de Novembro de 1724 e de 15 de Outubro de 1732 com prejuízos avaliados em 50 000 cruzados de prata. Todas, quer pela extensão de território atingido, pela violência do vento, quer ainda pelo volume dos prejuízos e o número de vítimas que são reportados, parecem poder equiparar-se à que veio a repetir-se a Dezembro de 1739.
(a)1 Conto (1000$000 reis) = 2500 cruzados. - 1.º Conde de Campo Bello - Adriano de Paiva de Faria Leite Brandão. O título de Conde de Campo Belo foi criado por carta de 10 de Fevereiro de 1887 do rei D. Luís I de Portugal.
As observações
meteorológicas instrumentais, em Portugal, têm início nos anos 70 do século
XVIII. O clima de Portugal anterior àquela década tem vindo a ser reconstituído
exclusivamente com base em fontes documentais descritivas, em que, de um modo
geral, são os extremos climáticos que surgem registados. Dada a subjectividade
que este tipo de informação encerra, a análise crítica do maior número de
fontes possível é um procedimento essencial. Analisa-se aqui o temporal
ocorrido em grande parte do território de Portugal continental, entre 3 e 6 de
Dezembro de 1739.
À violência do vento do quadrante Sul, que
pelos efeitos relatados poderá ter atingido velocidades da ordem dos 120km/h,
associaram-se chuvas contínuas e intensas, que originaram cheias nas bacias dos
rios Tejo, Mondego e Douro. Os prejuízos foram muito avultados, havendo
referências à perda de vidas humanas e à morte de muitos animais. Tal como na
actualidade, também no passado estes episódios de ventos fortes e de chuvas
intensas ocorreram em situação de fluxo do quadrante Sul.
A tempestade terá igualmente assolado toda a província
do Minho e dos locais de Cuba, Évora, Montemor-o-Novo, Lisboa, Santarém, Coimbra e o
Porto.
Lisboa, a força do vento terá originado
avultadas perdas, surgindo referências a ruínas em casas, a árvores arrancadas
e a grandes estragos em muitas embarcações que se encontravam estacionadas no
Tejo, vindo alguns navios dar à costa e naufragando outros. Segundo os relatos,
terão perdido a vida muitas pessoas. As condições meteorológicas em Santarém
não terão sido muito diferentes, falando-se também em “tempestade de vento”
O TEMPORAL de Coimbra de 3 A 6 DE DEZEMBRO DE 1739 EM PORTUGAL RECONSTITUIÇÃO A PARTIR DE FONTES DOCUMENTAIS DESCRITIVAS JOÃO PAULO TABORDA – (1739)
À violência do vento do quadrante
Sul, que pelos efeitos relatados poderá ter atingido
Velocidades da ordem dos 120km/h
-terão perdido muitas vidas humanas.
A 3 de Dezembro athe 6 do mesmo mez do prezente anno de 1739. Infelizmente cauzou nesta Cidade de Coimbra huma sempre memoranda Tempestade”, impressa em Coimbra, no Real Collegio das Artes da Companhia de Jesus, no ano de 1740. Esta “Relaçaõ” parece assentar num testemunho vivido e, de acordo com o título, terá sido composta em Coimbra ainda em Dezembro de 1739, ou seja, poucos dias após o evento meteorológico em estudo ter ocorrido. Tais factos conferem autenticidade e credibilidade às palavras de Alvarenga, uma vez que afastam a suspeição de se tratar, quer da adaptação pela sua pena de uma descrição ouvida a terceiros, quer de algo ocorrido num passado mais ou menos afastado e, como tal, já de contornos diluídos pelo tempo.
Confere a esta descrição meteorológico
ter sido escrita sob a forma de poema, dividido em trinta e nove oitavas,
tantas quantos os anos que então eram decorridos do século XVIII.
Poeta MANOEL JOZÉ CORREA ALVARENGA, nasceu na Cidade de Braga a 4 de Janeiro de 1717, tendo falecido na segunda metade do século XVIII., estudou no Collegio patrio de S. Paulo dos Padres Jesuitas. Fez a relaçaõ dos estragos, que desde o dia 3 de Dezembro até 6 do mesmo mez do presente anno de 1735, causou nesta Cidade de Coimbra huma sempre memoranda tempestade.
Martinho Lopes de Morais Alão nasceu na
cidade do Porto em 1713, e era já falecido em 1789, descreve fatal mez de
Dezembro 1739.
Destruiçam do Porto, e seus suburbios acontecido no fatal mez de Dezembro de 1739 offerecido à Venerável Prodigioza, e Sacrosanta imagem do Senhor D’Alem. Venerada na Santa Igreja Cathedral da mesma cidade por hum cordialíssimo devoto deste Senhor”, obra em setenta e sete oitavas, impressa no Porto, no ano de 1740. Estrofe a estrofe, vão-se sucedendo as referências às diversas ocorrências, que caracterizaram o estado do tempo no Porto durante aqueles dias, bem como às suas consequências.
O
Observatório Meteorológico do Infante D. Luís foi fundado em 1854.
João Carlos de Brito Capelo nasceu em 1831-
1901 filho o Major Félix António de Gomes Capelo, e Roberto Ivens fez a famosa
travessia no continente africano, entre Angola e a Costa do Índico;
Irmão de Hermenegildo Carlos de Brito Capelo
(1841-1917) ; Félix António de Brito Capelo (1828-1879), biólogo e oceanógrafo
e vice-almirante Guilherme Augusto de Brito Capelo (1839-1926). Comissão
Internacional de Meteorologia, criada em 1878. Família ligada cientista de
renome internacional, com uma obra que abarca não só o panorama relacionado com
a Meteorologia e Navegação Marítima, como a Física e Astronomia.
São de destacar as tempestades de 15 de Fevereiro de 1941, e de Dezembro de 1981.
As velocidades prováveis das rajadas máximas no caso do ciclone de Dezembro de 1739 e as que foram medidas em 1941 e 1981, tiveram ventos na ordem de 100-130km/h.
Segundo informações da época, o ciclone de 1941 formou-se entre a Madeira e no Cabo de S. Vicente o vento terá atingido em Lisboa a velocidade de 127 km/h. No resto do país os ventos atingiram valores ainda mais elevados, com o anemómetro da Serra do Pilar a registar rajadas de 167 km/h.
Pela
violência do vento, que fustigou o país de Norte a Sul, o cenário de destruição
do dia 15 de Fevereiro de 1941, tal como o noticiou a imprensa, atingiu
proporções de verdadeira tragédia: milhares de árvores arrancadas, estradas
intransitáveis, casas destelhadas, reduzidas a montões de destroços, chaminés
ruídas, famílias sem-abrigo, povoações isoladas, a rede eléctrica destruída e
as ligações telegráficas e telefónicas interrompidas, sementeiras perdidas e...
uma centena de mortos e dezenas de feridos e desaparecidos, nomeadamente em
áreas costeiras e ribeirinhas, onde a ocorrência de naufrágios foi enorme. De
acordo com as declarações de Amorim Ferreira a “O Século” (16 de Fevereiro de
1941).
”. No dia 15 de Fevereiro de 1941, os
valores da pressão atmosférica desceram até 937hPa em Coimbra, 950hPa em
Lisboa/Geofísico e 931hPa em Évora. O vento máximo instantâneo foi de 133km/h
em Coimbra e de 129km/h em Lisboa. Segundo M. Costa Alves (informação oral)
tratou-se de uma perturbação extrema isolada, com trajectória pela Estremadura
e que, em comparação com a situação de Dezembro de 1739, gerou valores de
precipitação relativamente modestos (16.5mm em Lisboa).
Entre 26 e 31 de Dezembro de 1981, Portugal foi assolado por um temporal, que teve o seu paroxismo nos dias 29 e 30: “Do Minho ao Algarve, chuvadas de grande intensidade e rajadas de vento ciclónico – que chegaram a atingir 120 quilómetros horários – causaram prejuízos de valor ainda incalculado e perturbaram a normalidade de todas as actividades. No total, houve a lamentar a perda de trinta vidas humanas.
1889- Certas regiões do interior do distrito de Coimbra passaram o Inverno com temperaturas muito baixas, danificando o solo para as culturas do ano seguinte.
Anos chuvosos – 1855- 76- (1895 foi muito intenso ) região de lisboa, Coimbra e Aveiro.
Anos Secos -1854 -1863-1874-1875- (1896 foi muito
intenso )
a decorrência da seca provocou dois anos sem safra. os Anos chuvosos resultou um ano de perdas.
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