Infante D. Afonso, 3.º Duque do Porto
Ao
contrário do que possa parecer pelos convidados, o infante D. Afonso, 3.º Duque
do Porto, não exercia qualquer influência na corte. "Nunca tinha vintém.
Os ajudantes ou oficiais às ordens não lhe emprestavam dinheiro, porque sabiam
que ele não lhes pagava", desvenda Raul Brandão nas suas memórias. A
partir de 1902, o irmão do Rei tornou-se comandante honorário dos bombeiros,
pelo que dispunha de um telefone especial em casa para ser informado das
principais ocorrências. Mas sobressaiu essencialmente devido à sua paixão pelos
carros. Ganhou até a alcunha de Arreda – por ser esse o grito que dava aos
peões para se desviarem do caminho, numa altura em que só havia uma centena de
automóveis em todo o País.
Numa
carta ao irmão, citada na biografia de Rui Ramos sobre o penúltimo Rei de
Portugal, falava com entusiasmo sobre o automóvel comprado em Itália (era fã da
FIAT), que tinha "oito cavalos de força" e no qual atingiu a
estonteante velocidade de "50 km em descidas, e 40 a 50 em caminho
direito".
Um
ano depois, em 1901, foi publicado o primeiro Código da Estrada, que impunha um
limite máximo de 10 km por hora. Seguramente por excesso de velocidade, o
infante protagonizou um dos primeiros desastres em Portugal, quando o carro
derrapou, na estrada entre Sintra e Cascais – os jornais de 27 de Agosto de
1906 deram conta desse acidente, que deixou "Sua Alteza com uma costela
quebrada".
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