Extravagâncias
de D. Maria Pia
Depois da morte do marido, o Rei D. Luís, em
1889, na Cidadela (Cascaes), surgem varias versões:
Quando
D. Maria Pia abandona Cidadela, dizia-se que a viúva não querendo voltar ao
Palácio decidiu comprar um chalé na marginal, Monte Estoril, onde passava
longas temporadas com o seu filho mais novo, o infante D. Afonso. A verdadeira
razão está na discórdia de D. Carlos em suportar os encargos do numero de criados e reduzir as despesas da casa
real.
A
Rainha-mãe, seguramente era a figura mais extravagante da família, em claro
contraste com a nora. A documentação arquivadas das despesas da casa real
provam que gastou uma fortuna em obras de arte, pratas, sedas e móveis para
mobilar a sua nova residência de férias, apesar de as finanças reais estarem já
em ruptura. Pediu então dinheiro emprestado ao conde de Burnay, o homem mais
rico no fim da monarquia, e como caução deixou-lhe jóias, que recuperaria assim
que saldasse a dívida – o banqueiro acumulou 369 peças de ourivesaria da
Rainha-mãe, que foram leiloadas em 1912 para recuperar o dinheiro emprestado,
segundo Eduardo Alves Marques, autor do livro «Se as Jóias Falassem.»
Numa altura em que D. Maria
Pia já estava cheia de dívidas às ourivesarias Leitão & Irmão, estes solicitavam
a regularização dos pagamentos que enviavam por carta. os recibos arquivados
provam que a
Rainha-mãe
conseguiu pagar o que devia, e que de imediato contraiu novo empréstimo no
valor de 350 mil reis à ourivesaria
Leitão & Irmão para comprar um faqueiro de prata, que ainda existia no seu
chalé da marginal, Monte Estoril.
Mas
muitos outros dramas estão registados pelos seus serviçais nas deslocações do
Palácio da Ajuda para o período de vilegiatura em Mafra:
- "Para fazer as coisas como a Sr.ª D.
Maria Pia desejava, tinha de se andar dum lado para o outro com carrões de
móveis e roupas, porcelanas e cristais, tudo enviado com dias de antecedência
para estar já armado quando a Rainha chegasse. (…)
Da Ajuda para Mafra ia um piano e o seu afinador
por que com a Sr.ª D. Maria Pia tinha que andar tudo afinado"! - frisa
Vital Fontes, o criado da Rainha, que também se recorda da
Rainha-mãe andar de patins em Mafra , ainda desconhecidos Portugal.
O
conde de Mafra, Tomás de Mello Breyner, confirma nas suas memórias que a
família real mandava transportar para ali todos os anos os fogões de sala, as
braseiras e o piano, que eram transportados
sobre carros puxados por bestas com
oito homens a fazerem a viagem de
40 quilómetros a pé.
Outra
excentricidade da época foi "o primeiro elevador que se conheceu em
Portugal", referido pelas damas de D. Maria Pia, e pelo criado Vital Fontes
que o descreveu: " subir com 10 pessoas, à custa doutros tantos homens que
o puxavam à corda."
Este
elevador construído no Palácio de Sintra era puxado por 16 homens. Quatro em
cada corda.
As festas faziam passar o mal humor da
rainha velha. D. Maria Pia, estava visivelmente satisfeita, a receber os régios
visitantes e personalidades no alto da escadaria principal em companhia das
damas camaristas da sua comitiva particular: Marquês de Soveral, Luís Maria
Pinto de Soveral, conde de Sabugosa, conde de Tarouca e Figueiró, visconde de Asseca, p coronel Duval
Telles, major Garcia Guerreiro, condessa
de Antrim e Figueiró, condessa de
Seisal, conde da Ribeira Grande, coronel
Duval Telles, visconde de Asseca e conde
de Arnoso. Seguiam
atrás o coronel Benjamim Pinto, o conde de Sabugosa, o coronel Fernando Eduardo
de Serpa Pimentel. A rainha velha seguia
na frente para receber as visitas
régias estrangeiras no largo do
pátio interior do Paço de Sintra (hoje exterior) com a sua larga escadaria, encontrava-se a guarda de
honra composta por 50 homens do
Batalhão de Caçadores 2 apresentando
armas sob o comando do capitão Chrysogono Pinto.
- Prosseguindo pela rampa à direita da escadaria chegava-se ao “elevador”, que fazia a ligação entre o piso térreo e os aposentos da rainha viúva, no andar nobre, próximo da Sala dos Cisnes.- referido por D. Maria da Piedade Correia de Lacerda Lebrim de Vasconcelos
O ascensor instalado num pequeno pátio
de onde era puxado por um cabo com “guincho” controlado manualmente por vários
criados. O interior da cabina e os dois bancos, um de cada lado
“estofados em seda adamascada”.
O ascensor evitava a rainha e os seus convidados, duques de Connaught,, imperador da Alemanha e presidente da República Francesa em 1907 a subirem cerca de sessenta degraus da escadaria da fachada principal e das duas escadas interiores, em pedra que ainda hoje levam os visitantes até ao andar nobre. Mas o restante séquito de convidados eram conduzidos para a Sala dos Cisnes.
Os almoços eram servidos na Sala das
Pegas. “onde sempre foi a “casa de
jantar dos reis. “Composta por uma mesa de Estado, para 40 pessoas, sempre com
a mesma disposição de lugares. A Marquesa de Belas ficava entre o marquês
soveral e o Conde de Sabugosa de um lado, e a Marquesa de Unhão do outro
lado.
Entre os criados da casa real , estavam os reconhecidos de maior confiança do rei D. Luís e da rainha-mãe , o Manoel Caetano da Silva, o “senhor Manuel” referido nos jornais, “primeiro cozinheiro e encarregado da Real Cozinha” no Paço da Ajuda, e o “commendador Antonio Duarte” “encarregado do serviço das mezas de Estado do Paço da Ajuda, não esquecendo o mestre-sala conde de Figueiró, sob as ordens do mordomo-mor da Casa Real, conde de Sabugosa.
.
Jorge da Cruz Reis, almoxarife do Real Paço de Sintra, responsável pela gestão
da equipa do almoxarifado, pela administração financeira da propriedade
régia. Fernando de Serpa Pimentel. Era o
“Inspector-geral do Real Palácio”.
Os restantes funcionários experientes, ao
serviço da Casa Real pertenciam a um escalão mais inferior como o conhecido
Vital Fontes que nos descreve: - A casa real no tempo de D. Luiz contava com
cerca de 80 criados, sendo o seu número reduzido a metade pelo rei D. Carlos.
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