Angelina
Vidal
Com
a legenda «Ilustre Conferencista e Propagandista da Emancipação Social», foi
Angelina Vidal perpetuada pela edilidade lisboeta em toda a extensão do antigo
Caminho do Forno do Tijolo - por Edital de 17 de Outubro de 1924 - quando eram
passados 7 anos após a morte desta activista republicana.
Angelina
Casimira do Carmo da Silva Vidal (Lisboa – freguesia de S. José/11.03.1847 –
01.08.1917/Lisboa) foi uma professora, jornalista e escritora que se empenhou
na propaganda das ideias republicanas quer com discursos em muitos comícios –
tendo ficado célebres dois no Porto em 1880 - , quer através dos jornais «O
Sindicato», «Justiça do Povo» e «Emancipação» de que era proprietária e
redactora.
Angelina
começou a colaborar em jornais sob o pseudónimo de uma republicana viseense e
ao longo da sua vida colaborou em vários como «O Tecido» e «O Trabalhador»,
sendo relevante o seu trabalho em «A Voz do Operário» a partir de 1883, jornal
de que veio a ser editora entre 1897 e 1901. Aliás, Angelina Vidal pugnou pelos
direitos das operárias e está entre as pioneiras que defenderam a educação para
a mulher como plataforma para a igualdade, tendo chamado a atenção para as
deficientes condições de trabalho em que vivia a operária que não podia criar
os filhos de modo a fazer deles os cidadãos de que o país necessitava enquanto
nação civilizada. Angelina assumiu uma postura própria em que embora nunca
falasse de feminismo e chegasse até a criticar as republicanas da Liga das
Mulheres Portuguesas que lutavam pelo sufrágio feminino, defendia
incessantemente a igualdade entre homens e mulheres, quer no trabalho quer nas
leis civis.
Refira-se
também que nos jornais igualmente trabalhou como tradutora e revisora e que no
jornal «A Tribuna do Povo», sob o pseudónimo de Juvenal Pigmeu, criticou a
inexistência de retórica nos versos de Cesário Verde.
Angelina
Vidal também foi professora liceal de francês bem como de piano e música,
disciplinas que ela ensinou tanto na Sociedade A Voz do Operário como em casa.
Como
escritora escreveu prosa, poesia e teatro, sendo de realçar uma incursão na
olisipografia com «Lisboa Antiga e Lisboa Moderna» (1900), a peça «Nobreza de
Alma» e dois prémios internacionais conseguidos com o poema «Noite do Espírito»
(1885) e «Ícaro» (1902).
Filha
do maestro Joaquim Casimiro (1808 – 1863), casou com o médico da Armada Luís
Augusto de Campo Vidal em 1872, de quem enviuvou em 1894, mas o governo
monárquico negou-lhe a pensão a que tinha direito alegando que era «inimiga das
instituições e andava a combater o regime monárquico». Em 1917, voltou a pedir
uma pensão de sangue pela morte do marido em serviço a qual acabou por ser
concedida no dia 31 de Julho de 1917, o dia anterior àquele em que Angelina
Vidal faleceu quase na miséria no nº 41 da Rua de S. Gens.
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