Frei Fernão de Oliveira
Fernão de
Oliveira (Aveiro, 1507 – 1581), algumas vezes dito Fernando de Oliveira, frade,
gramático, construtor bélico-naval renascentista, foi um dos expoentes
renascentistas
Foi
ordenado frade dominicano. Em virtude de suas posições heterodoxas, logo caiu
no desagrado do Tribunal da Santa Inquisição, tendo sido preso várias vezes por
determinação daquele tribunal. Com efeito, consta que, em 26 de Outubro de
1555, entre tantas outras prisões, "[...] Deu entrada nas masmorras da
Inquisição, em Lisboa, o insigne aveirense Padre Fernão de Oliveira, clérigo
dominicano e diplomata, escritor e filólogo, marinheiro e soldado, aventureiro
e perseguido, «o primeiro gramático da língua portuguesa e porventura o
primeiro tratadista naval de todo o mundo» [...]"(Rangel de Quadros,
Aveirenses Notáveis, I, fl. 9).
Intelectual amplo, publicou a reputada primeira
gramática portuguesa, a conhecida Grammatica da lingoagem portuguesa, editada
em Lisboa, em 1536, e que tem no frontispício o brasão de armas dos Almadas por
ele a ter dedicado a D. Fernando de Almada.
Trabalhou ainda em um variado conjunto de
atividades, sobressaindo a de piloto. Foi ainda teórico da guerra e da
construção naval. Precisamente nestas duas áreas — arte bélica e construção
naval — destacou-se sobremaneira.
As suas contribuições aí, com efeito, deram as
bases da hegemonia portuguesa em diversos oceanos no século XVI.
Em
"Na arte da guerra do mar" (Coimbra, 1555), além do texto teórico,
tece considerações morais condenatórias sobre a escravidão, o comércio de
escravos e sobre a invenção e utilização de armas de fogo, devido à sua
capacidade de destruir vidas humanas.
A "Ars nautica" (1570 [?]) é o
primeiro tratado enciclopédico mundial de matérias referentes à navegação,
guerra naval e construção de embarcações. O último tema foi substancialmente
desenvolvido na obra seguinte, "Livro da fábrica das naus" (1580
[?]), em que fornece regras teóricas para a construção de navios e sublinha,
sempre em diálogo com os autores clássicos, nomeadamente Plínio, as
significativas contribuições lusitanas para o progresso nos métodos de
construção naval.
Pouco antes de falecer, em (1580), defendeu
António I de Portugal, Prior do Crato, contra Filipe II, com duas obras
historiográficas a sustentarem a legitimidade do candidato português e
contestarem a solução da Monarquia Dual, aprovada nas Cortes de Tomar (1581).
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