domingo, 25 de dezembro de 2022

Bràs Garcia Mascarenhas

 

 Brás Garcia Mascarenhas

 

 

Brás Garcia Mascarenhas nasceu na vila de Avô, no concelho de Oliveira do Hospital, em 3 de Fevereiro de 1596 e ali faleceu, em 8 de Agosto de 1656. Foi baptizado a 10 de Fevereiro, quando se festejava o dia de S. Brás,

Nascido no meio de uma família da baixa nobreza: ramo Garcia de Mascarenhas (Folhadosa), por parte do pai, Marcos Garcia e do ramo Madeiras Arrais, por parte da mãe, Helena Madeira.

    Registasse a residência familiar na Vila de Avô , como sendo  uma casa de modestas dimensões  com   portas e janelas manuelinas [a dar-lhe um aspecto afidalgado] junta a dois  rios;  – O Lava e  Pomares- mais tarde  rio Alva e rio Alvoco.

 Garcia Brás de Mascarenhas era o terceiro dos irmãos, tendo o Feliciano Monteiro, nascido (11 de Junho de 1592); Manuel Garcia (10 de Fevereiro de 1662); depois do seu nasceu, Verónica Nunes (6 de Dezembro de 1597); Maria Garcia (21 de Dezembro de 1599); Pantaleão Garcia (5 de Agosto de 1601); Ana Monteiro (15 de Setembro de 1603); Isabel Garcia (6 de Março de 1605); Matias Garcia (3 de Março de1607);

 

 

        “Nascido na abastança de seus pais, cercado da consideração e prestígio. Os anos de infância e de adolescência de Brás Garcia Mascarenhas foram suaves e bonançosos com boas relações e amizades, embora não muito ligado à formação académica. Contrariando o que muitos dizem, Brás Garcia Mascarenhas nunca frequentou a universidade ou qualquer escola superior. Aprendeu o latim e os princípios da lógica e da retórica juntamente com os irmãos Manuel e Pantaleão, mais tarde foi pároco de Travanca. Para esta aprendizagem contribuiu de forma decisiva a acção do licenciado António Dias, vigário de Avô, sacerdote ilustre e profundo conhecedor das “artes”.

        Pina Martins- considera, entretanto, que Brás Garcia “foi leitor de Sá de Miranda e de Camões, mas também de Petrarca, Ariosto, Garcilazo, Gongure e Marino, considerando que a sua cultura clássica não é superficial”.

 

A mocidade de Brás Garcia como aventureiro, guerreiro e poeta, mostrou-se muito agitada e com uma vida turbulenta; foi herói da Guerra da Restauração, mas com poucos testemunhos sobre a personagem.

António de Vasconcelos opina que Brás Garcia era galã atrevido e incorrigível, aborrece as letras, prefere a esgrima, o jogo das armas e a equitação. Brigão e altaneiro, sanguíneo e apaixonado, romântico e desregrado. Percorria toda a Beira em viagens constantes na busca de festas e divertimentos, mostrando o seu espírito e a sua graça.

 

Ao contrário do que escreveu Camilo Castelo Branco no seu romance “Luta de Gigantes”. Brás Garcia Mascarenhas nunca frequentou, como se disse, a Universidade, nem residiu em Coimbra.

Brás Garcia Mascarenhas escreveu a sua obra poética  «Viriato Trágico»  como romancista e não como historiador  como única obra, publicada, em 1699.  

 

  

Bento Madeira de Castro, descendente de Brás Garcia, foi capitão-mor de Avô e Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, e primeiro biógrafo de Brás Garcia de Mascarenhas e veio a inspirar muitos autores, nomeadamente,  Diogo Barbosa Machado que praticamente o reproduz na sua obra Bibliotheca Lusitana.

      escreve Bento Madeira de Castro. “Vindo a Coimbra assistir a humas festas celebradas no terreyro de Sãosam por correspondência com uma Dalila perdeo a liberdade sendo prezo na cadea da Portagem”, escreve Bento Madeira de Castro. “O tanger e dançar” agradava muito a Brás Mascarenhas que era um assíduo frequentador das festas que se realizavam por toda a Beira. Numa dessas festas, devido a motivos que não é possível apurar, mas por certo devido a atrevimentos amorosos, experimentou a sua primeira grande provação na vida, a terrível enxovia da Portagem.

Quanto mais a prisão “se dilatava”, mais achava difícil a saída. A libertação havia de chegar. O dia 4 Julho de 1612 era de “sol ardente”. Reinava grande entusiasmo e bulício nas festas da Rainha Santa52.

Os irmãos e criados aproveitam o dia de festa para lhe entregarem um presente criando, simultaneamente, as condições para a fuga. O carcereiro comete o erro de deixar uma porta aberta. O preso apercebe-se e foge.

      A fuga de Brás Garcia provocou múltiplas narrativas, muitas com cunho de fantasia:

      Na “Luta de Gigantes”, romance de Camilo Castelo Branco, é referido o episódio da fuga de Brás Garcia, com imprecisões várias, escrevendo-a como executada decorridos sete dias de prisão, “à meia noite em ponto” por seis criados, dele e de outro nobre, auxiliados por quatro clérigos, filhos de Marcos Garcia e quatro alentados serranos da Estrela, que assaltam a cadeia, desarmam o guarda, forçam o carcereiro a abrir as portas e libertam o preso. Logo aqui se vê o erro da descrição, pois, na data, só um irmão de Brás Garcia se preparava para a vida eclesiástica.

António de Vasconcelos descreve de forma muito impressiva a fuga do poeta aventureiro: “Num relancear de olhos, com aquela agudeza de vista que o distinguia, o preso notou a imprudência, que chamou “alheio erro”, cometida pelo carcereiro. A rapidez assombrosa com que, aproveitando qualquer circunstância fortuita, traçava um plano, e a prontidão com que, sem se deter um momento em leve hesitação, o executava, eram qualidades admiráveis que possuía, e de que tantas vezes deu provas durante toda a sua vida. Desta vez manifestou bem claramente estes dotes extraordinários.

       Ver a porta aberta, cair como um raio sobre o pobre carcereiro sem lhe dar tempo para nada, arrancar-lhe a espada da bainha, e prostrá-lo com uma forte cutilada, foi tudo obra dum momento. De espada em punho corre sobre a porta; o pessoal da guarda, surpreendido num primeiro momento de indecisão, pretende embargar-lhe o passo. Mas era tarde: o preso, galgando de dois pulos o átrio, transpunha a porta da rua”57.

 

 Brás Garcia, já na situação de homiziado, permaneceu pelas Beiras durante cerca de dois anos – viveu escondido na Bobadela,

Em 1619, Brás Garcia decide partir para Madrid, provavelmente em busca de um perdão régio, sendo igualmente atraído pela vida de corte onde pontuavam fidalgos e homens das letras, como o grande vulto da cultura do tempo D. Francisco Manuel de Melo, residindo cerca de um ano. Não tendo obtido o que pretendia, e não estando disposto a “servir, depois de ser servido”, decide partir em direcção a outros mares.


A historia tem seguimento .


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