Brás Garcia Mascarenhas nasceu na vila de Avô, no concelho de Oliveira do Hospital, em 3 de Fevereiro de 1596 e ali faleceu, em 8 de Agosto de 1656. Foi baptizado a 10 de Fevereiro, quando se festejava o dia de S. Brás,
Nascido no meio de uma
família da baixa nobreza: ramo Garcia de Mascarenhas (Folhadosa), por parte do
pai, Marcos Garcia e do ramo Madeiras Arrais, por parte da mãe, Helena Madeira.
Registasse a residência familiar na Vila de
Avô , como sendo uma casa de modestas
dimensões com portas
e janelas manuelinas [a dar-lhe um aspecto afidalgado] junta a dois rios; – O Lava e
Pomares- mais tarde rio Alva e
rio Alvoco.
Garcia Brás de Mascarenhas era o terceiro dos irmãos,
tendo o Feliciano Monteiro, nascido (11 de Junho de 1592); Manuel Garcia (10 de Fevereiro de 1662); depois do seu nasceu, Verónica Nunes (6 de Dezembro de 1597);
Maria Garcia (21 de Dezembro de 1599); Pantaleão Garcia (5 de Agosto de 1601);
Ana Monteiro (15 de Setembro de 1603); Isabel Garcia (6 de Março de 1605);
Matias Garcia (3 de Março de1607);
“Nascido na abastança de seus pais,
cercado da consideração e prestígio. Os anos de infância e de adolescência de
Brás Garcia Mascarenhas foram suaves e bonançosos com boas relações e amizades,
embora não muito ligado à formação académica. Contrariando o que muitos dizem,
Brás Garcia Mascarenhas nunca frequentou a universidade ou qualquer escola
superior. Aprendeu o latim e os princípios da lógica e da retórica juntamente
com os irmãos Manuel e Pantaleão, mais tarde foi pároco de Travanca. Para esta
aprendizagem contribuiu de forma decisiva a acção do licenciado António Dias,
vigário de Avô, sacerdote ilustre e profundo conhecedor das “artes”.
Pina Martins- considera, entretanto,
que Brás Garcia “foi leitor de Sá de Miranda e de Camões, mas também de
Petrarca, Ariosto, Garcilazo, Gongure e Marino, considerando que a sua cultura
clássica não é superficial”.
A mocidade de Brás Garcia
como aventureiro, guerreiro e poeta, mostrou-se muito agitada e com uma vida turbulenta; foi herói da Guerra da Restauração, mas com poucos testemunhos
sobre a personagem.
António de Vasconcelos
opina que Brás Garcia era galã atrevido e incorrigível, aborrece as letras,
prefere a esgrima, o jogo das armas e a equitação. Brigão e altaneiro,
sanguíneo e apaixonado, romântico e desregrado. Percorria toda a Beira em
viagens constantes na busca de festas e divertimentos, mostrando o seu espírito
e a sua graça.
Ao contrário do que
escreveu Camilo Castelo Branco no seu romance “Luta de Gigantes”. Brás Garcia Mascarenhas
nunca frequentou, como se disse, a Universidade, nem residiu em Coimbra.
Brás Garcia Mascarenhas escreveu
a sua obra poética «Viriato Trágico» como
romancista e não como historiador como
única obra, publicada, em 1699.
Bento Madeira de Castro,
descendente de Brás Garcia, foi capitão-mor de Avô e Cavaleiro professo da
Ordem de Cristo, e primeiro biógrafo de Brás Garcia de Mascarenhas e veio a inspirar
muitos autores, nomeadamente, Diogo
Barbosa Machado que praticamente o reproduz na sua obra Bibliotheca Lusitana.
escreve Bento Madeira de Castro. “Vindo a
Coimbra assistir a humas festas celebradas no terreyro de Sãosam por
correspondência com uma Dalila perdeo a liberdade sendo prezo na cadea da
Portagem”, escreve Bento Madeira de Castro. “O tanger e dançar” agradava muito a Brás Mascarenhas que era um
assíduo frequentador das festas que se realizavam por toda a Beira. Numa dessas
festas, devido a motivos que não é possível apurar, mas por certo devido a
atrevimentos amorosos, experimentou a sua primeira grande provação na vida, a
terrível enxovia da Portagem.
Quanto mais a prisão “se
dilatava”, mais achava difícil a saída. A libertação havia de chegar. O dia 4
Julho de 1612 era de “sol ardente”. Reinava grande entusiasmo e bulício nas
festas da Rainha Santa52.
Os irmãos e criados
aproveitam o dia de festa para lhe entregarem um presente criando,
simultaneamente, as condições para a fuga. O carcereiro comete o erro de deixar
uma porta aberta. O preso apercebe-se e foge.
A fuga de Brás Garcia provocou múltiplas
narrativas, muitas com cunho de fantasia:
Na “Luta de Gigantes”, romance de Camilo
Castelo Branco, é referido o episódio da fuga de Brás Garcia, com imprecisões
várias, escrevendo-a como executada decorridos sete dias de prisão, “à meia
noite em ponto” por seis criados, dele e de outro nobre, auxiliados por quatro
clérigos, filhos de Marcos Garcia e quatro alentados serranos da Estrela, que
assaltam a cadeia, desarmam o guarda, forçam o carcereiro a abrir as portas e
libertam o preso. Logo aqui se vê o erro da descrição, pois, na data, só um
irmão de Brás Garcia se preparava para a vida eclesiástica.
António de Vasconcelos
descreve de forma muito impressiva a fuga do poeta aventureiro: “Num relancear
de olhos, com aquela agudeza de vista que o distinguia, o preso notou a
imprudência, que chamou “alheio erro”, cometida pelo carcereiro. A rapidez assombrosa com que, aproveitando qualquer
circunstância fortuita, traçava um plano, e a prontidão com que, sem se deter
um momento em leve hesitação, o executava, eram qualidades admiráveis que
possuía, e de que tantas vezes deu provas durante toda a sua vida. Desta vez
manifestou bem claramente estes dotes extraordinários.
Ver a porta aberta, cair como um raio
sobre o pobre carcereiro sem lhe dar tempo para nada, arrancar-lhe a espada da
bainha, e prostrá-lo com uma forte cutilada, foi tudo obra dum momento. De
espada em punho corre sobre a porta; o pessoal da guarda, surpreendido num
primeiro momento de indecisão, pretende embargar-lhe o passo. Mas era tarde: o
preso, galgando de dois pulos o átrio, transpunha a porta da rua”57.
Em 1619, Brás Garcia
decide partir para Madrid, provavelmente em busca de um perdão régio, sendo
igualmente atraído pela vida de corte onde pontuavam fidalgos e homens das
letras, como o grande vulto da cultura do tempo D. Francisco Manuel de Melo, residindo
cerca de um ano. Não tendo obtido o que pretendia, e não estando disposto a
“servir, depois de ser servido”, decide partir em direcção a outros mares.
A historia tem seguimento .
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