O nome de Maria
Maria foi à redentora de Eva, que veio ao
mundo com a missão de liberar Eva da maldição da Queda. Desenvolveu-se então a
ideia de Maria era a mãe da humanidade, de todos os homens e mulheres que
viviam na graça de Deus, enquanto Eva era a mãe de todos que morrem pela
natureza.
O culto a Maria se baseava em quatro
pilares: a maternidade divina, a virgindade, a imaculada concepção e a
assunção.
Por isso, as mulheres
eram encorajadas a se manterem castas até o casamento, se a sua opção de vida
fosse o matrimónio. Porém, a melhor forma de seguir o exemplo de Maria era
permanecer virgem e tornar-se esposa de Cristo, com base na ideia recorrente de
que Maria era "irmã, esposa e serva do Senhor".
Eva simbolizava as mulheres reais, e Maria
um ideal de santidade que deveria ser seguido por todas as mulheres para
alcançar a graça divina, caminho para a salvação. Mas como Maria era um ideal a
ser seguido, inatingível pelas mulheres comuns, surge à figura de Maria
Madalena, a pecadora arrependida, demonstrando que a salvação é possível para
todos que abandonam uma vida cheia de pecados. Com essa imagem de mulher
pecadora que se arrepende e segue o mestre até o calvário, Maria Madalena veio
demonstrar que todos os pecadores são capazes de chegar a Deus.
A
partir daí foi concebido as mulheres, assim como a pecadora o direito ao
arrependimento, demonstrado pela prostração, humilhação e lágrimas, em oposição
à tagarelice de Eva, que levou toda a humanidade ao pecado. Por isso, a
pregação feminina deveria ser sem palavras, feita apenas pela mortificação
corporal.
Todo este antifeminismo tinha como
objectivos básicos: afastar os clérigos das mulheres, institucionalizar o
casamento e a moral cristã, moldada através da criação de um segundo modelo feminino
a Virgem Maria.
Os três modelos difundidos por toda a
Idade Média (Eva, Maria e Madalena) deixam claro o papel civilizador e
moralizador desempenhado pela Igreja Católica ao longo de aproximadamente mil
anos de formação da sociedade ocidental.
Essa concepção de mulher, que foi
construída através dos séculos, é anterior mesmo ao cristianismo. Foi
assegurada por ele e se deu porque permitiu a manutenção dos homens no poder,
É difícil sustentar a hipótese de uma marginalização generalizada da mulher na Idade
Média. O casamento, tornava-a responsável pela reprodução biológica da família,
o único papel de relevo na estabilidade da ordem social. Esta integração tinha,
contudo, os seus limites. Juridicamente despersonalizada, esteve reduzida ao
meio familiar e domestico. Reproduzia biologicamente os homens que iriam
continuar a dirigir a sociedade.
As mulheres desempenharam funções
importantes na sociedade medieval. As camponesas auxiliam suas famílias nas
tarefas agrícolas cotidianas, enquanto as pertencentes às famílias nobres se
encarregavam da tecelagem e da organização da casa, orientando o trabalho das
servas. Muitas eram artesãs: nos grandes feudos da Alta Idade Média existiam
oficinas de produtos como pentes, cosméticos, sabão e vestuário com mão-de-obra
inteiramente feminina. Mas todas elas, desde as servas até as mulheres da alta
nobreza, estavam submetidas a seus pais e maridos. E a Igreja justificava e
favorecia tal dominação, mostrando-se totalmente hostil ao sexo feminino.
Alguns teólogos chegavam a afirmar que a mulher era a maior prova da existência
do diabo.
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