Cemitérios medievais
Os primeiros cemitérios medievais situavam-se nos montes, conhecidos como localização tranquila para o enterro de um túmulos de rei ou de cavaleiro.
Geralmente o anglo-saxónica era enterrado com um manto, itens pessoais de joalharia ou ornamentos cristãos como cruzes.
À medida que a religião católica se
consolidou pela Europa, os túmulos em montes saíram de moda e os locais de
descanso reais migraram para cemitérios ou túmulos junto ou dentro de igrejas e
catedrais. Os bens mortuários deixaram de ser sepultados com o seu proprietário.
Os enterros de gente com estatuto inferior
até ao seculo XV: eram fora da igreja.
os corpos
envoltos em sudários eram depositados directamente na terra sem qualquer
estrutura funerária associada.
São
referidos crânios e esqueletos diante dos altares,
lugar privilegiado dos ministros de Deus sepultados com uma concha na boca – os
monges com concha de vieira na boca pertencentes aos mosteiros de
Santiago de Compostela.
Os enterro com uma moeda na boca, havendo
fontes literárias gregas e latinas moeda na boca debaixo da língua.” – Remonta
à Grécia e Roma antigas. Era um pagamento para Caronte (óbolo de Caronte" utilizada pelos
arqueólogos) o barqueiro que transportava almas através do rio que dividia os
mundos dos vivos e dos mortos. De acordo com os arqueólogos, são encontrados
sepultamentos de alguns adultos e num grande número de crianças do século XVI
com uma moeda de pouco valor, oferecida como esmola.
Exemplos:
sarilhos grandes; localidade de Jeżowe, na Polônia.
Enterros em igrejas
A ignorância dos ricos homens considerados mecenatos das igrejas, quer tudo faziam para decorar os templos, tendo contrapartida de instalar os jazigos da família dentro e fora da igreja, estando convencidos de que estavam perto de Deus.
Enterros em igrejas foram prática comum até meados do século XIX, excepto os suicidas, sem o direito pela prática da sua morte não estar de acordo com os princípios da religião. Os cemitérios, chamados «campos santos» situavam-se no meio das cidades ou das vilas, normalmente ao lado ou atrás das igrejas sem qualquer muro a resguardar do perímetro habitacional que se acercava das sepulturas do exterior.
Os
sepultamentos no interior, considerados locais sagrados estavam reservados aos
nobres católicos, os mais prestigiados, lendo-se nos vários assentos de óbito o
lugar: campa brasonada abaixo do altar era de pessoas de maior intimidade com a
fé. Pessoas com algum destaque como um benfeitor, dono de um morgado ou um
padre.
As minhas consultas aos livros de óbitos levaram-me
a conhecer expressões do seculo XIX:
«Sepultada
em "cova própria" dentro da igreja, pedra junto à pia baptismal;
sepultado em "cova própria" dentro da igreja, pedra diante da porta
de entrada; – e assim sucessivamente : -
sepultado na capela,” cova da fábrica", junto ao altar.»
A
menção do local, sendo alguns em cova "própria" e outros em
"cova da fábrica", concluo que a primeira tivesse sido adquirida para
ali ficar para sempre, e segunda fosse provisoria para uma futura transladação.
Também existe a expressão: -« por já não haver
mais lugar dentro da Igreja , cova própria situa-se no Adro
E um documento assinalava: lápide de pedra, por
não haver já memória da sua pertença.
Possivelmente o valor a pagar era mais caro dentro do que fora, levantando-se então aqui a hipótese de o local do enterramento não ter só a ver com a distinção da pessoa, mas também a ver com disponibilidade financeira.
Conforme rezam os assentos de óbito. As epidemias que varreram o país entre 1833 e 1855 reforçaram de modo contundente, a imperiosidade da medida e acabaram por condicionar o nascimento dos cemitérios fora dos espaços da igreja. A 21 de Setembro de 1835, foi publicado o decreto, assinado por Rodrigo da Fonseca, que determinava a criação de cemitérios públicos em todas as povoações. E, em 28 de Setembro de 1844 foi publicado o decreto que proibia os enterramentos no interior das igrejas.
A
guerra civil tinha acabado há apenas dez anos, nem todas as feridas estavam
saradas e outras novas tinham sido abertas pelas políticas cabralistas.
O local de construção dos cemitérios continuou a ser objecto de debate no séc. XIX, dada a concentração populacional nas cidades. Em Lisboa, foi elaborado um parecer por uma comissão nomeada em 1878 para indicar a melhor forma de extinguir as valas (Ferreira, 1880), no qual se sugere a cremação como forma eficiente de resposta à escassez de terrenos nos limites da cidade. serão, muito provavelmente, encontradas sepulturas em recintos públicos ou privados.
Interdição dos enterros junto às igrejas
Decretada a interdição dos enterros junto às igrejas por higiene publica ofendeu os sentimentos religiosos da população, que acreditava a que o repouso dos mortos deveria ser perto dos santos, foi quanto bastou para eclodir uma Saturados de tantas injustiças uma faísca fez eclodir um barril de pólvora, assim que, a forte oposição popular à proibição dos enterramentos nas igrejas foi a causa imediata da Revolta dos velhos guerrilheiros absolutistas, conhecida pela guerrilha de «Maria da Fonte,» que, por sua vez, está na origem directa de mais uma guerra civil, «A Patuleia,» que assolou Portugal entre 1846 e 1847 e só terminou após intervenção militar inglesa e espanhola.
Os desprestigiados eram comumente enterrados em valas colectivas, não tinham direito à sepultura eclesiástica, sem nenhuma assistência religiosa. nem todos eram merecedores da alma eterna.
Lugar privilegiado para os sacerdotes e ministros da Ordem, debaixo do altar-mor, para quem muito pagou
As sepulturas eram cavadas com seis palmos de profundidade. Para ajudar o processo de decomposição, cobriam-se os cadáveres com cal. Em seguida, jogava-se terra sobre
Pobres tinham direito a serem soterrados nas igrejas, apenas com a diferença de se verem arredados para lugares incógnitos e sem direito a lápides sepulcrais.
Os suicídios
Na verdade ninguém sabe o que vai na alma dos
que premiam o gatilho do suicídio.
Dona
Francisca Colaça mulher que de Joaquim Cabreiro, não recebeo sacramento algum
por se achar afogada em huma lagoa do
dito lugar onde vivia
como boa cristam e temente a Deos .
“Perpetua Alves viuva de Joaquim Coelho de
Everdal, moradores que erão na ditta Aldea da Varzea. Esta, “fez testamento no Livro das Notas desta
Villa com testamenteiro parente Joaquim
Alves, co mesmo apelido da testadora
Costume
antigo de enterrar vários corpos na mesma campa, dentro das igrejas, não se
sabe, ao certo, a quem pertencem os ossos que hoje repousam nesses túmulos.
A ascensão do cristianismo
A responsabilidade do tratamento de amortalhar
o defunto e abrir a cova dos mortos recai sobre o casal de hospitaleiros, ou
chamada hospitaleira que teriam trabalhadores civis geridos pela ordem religiosa.
Um relatório de maio de 1694, no pico de uma crise
epidémica, da autoria do Comendador-Mor da Saúde, Domingos Nogueira de Araújo,
descreve que as doenças no Castelo estavam provavelmente relacionadas com os
corpos, já à superfície
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