Monsanto ou Mons sacer
Monsanto ou Mons sacer (monte sagrado) era um
local de culto no período pré-clássico. Do período romano, subsiste a estátua
de um sátiro que se encontrava no Convento
de S. Domingos de Benfica, hoje depositada no Museu da Cidade. Crê-se que a
Quinta da Granja está instalada sobre uma vila romana e que a Estrada das
Garridas está sobre um antiga ponte romana. Há ainda notícia da existência de
uma ara arrimada a uma das paredes da Quinta do Marquês de Fronteira.
Da época muçulmana chegam-nos vários topónimos,
como é o caso de Campolide, Carnide, Alfornel e possivelmente Benfica. A
palavra BENFICA poderá ser
etimologicamente árabe: Oliveira Marques sugere que o termo comprova a presença
de colonos das tribos berberes Banu al Faqih ou Banu Gafiqi. De acordo com
J. P. Machado o vocábulo Benfica poderá ser composto pelo étimo ben, que significa filho e pelo antropónimo ou alcunha fica, o qual por sua vez poderá derivar do termo masculino fiq, que quer dizer pessoa de elevada estatura e cujo feminino é fiqâ. Mas a
origem da palavra Benfica também poderá simplesmente derivar do advérbio bem e
do verbo ficar, expressando o estado físico e psicológico de bem ficar ou ficar
bem e neste sentido reza a tradição que a origem da palavra poderá advir do
seguinte:
- Numa versão, conta-se que uma jovem pura foi
raptada por um patife, que acabou por casar com ela ficando a viver nesta zona.
O rei D. Pedro I tendo conhecimento do ocorrido, quando passou pela zona mandou
prender e matar o marido da jovem, para punir o rapto, mas segundo parecia a jovem
vivia em paz e feliz com o marido, vendo-se agora desprotegida e viúva, então o
rei para minorar a situação, deu à jovem outro marido «com fartos cabedais»
afirmando que «agora bem-fica, bem-fica» ;
- noutra versão, atribui-se o nome ao rei D.
João I, que após ter oferecido a sua quinta de São Domingos à ordem dominicana
para instalarem um convento, comentara com D. João das Regras «Aqui Bem-fica o
convento».
No século XIII, o «limite antigo de Benfica»
fazia parte para fins paroquiais à Igreja de São Salvador de Lisboa. Após a
construção do Paço Real de Benfica, no reinado de D. Dinis, em torno do paço
desenvolveu-se um núcleo populacional, que passou a designar-se, cerca de 1322,
Benfica-a-Nova em oposição a Benfica-a-Antiga,
isto é, ao antigo núcleo existente no lugar da Igreja de Santa Maria de
Benfica. Desconhece-se, ainda, a data da fundação da freguesia de Santa
Maria de Benfica, mas deverá ter procedência na época da Reconquista. A referência mais antiga a Santa Maria de
Benfica data de 1337(Testamento de D. Maria de Aboim). Em 1392, já se
encontra referência a Nossa Senhora da Amparo, tornando-se esta igreja, sede da
Freguesia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica. Sobreviveram, deste período,
umas poucas estrelas discoidais (cabeceiras de sepultura), que foram integradas
na decoração de uma moradia próxima do actual santuário. A antiga igreja
perdurou até ao século XIX, tendo sido inaugurada a nova igreja no dia 10 de
Dezembro de 1809. Neste local onde foi edificada a Igreja de Nossa Senhora do
Amparo existiram anteriormente duas igrejas: a de Santa Maria precedente da N.ª
Sra. do Amparo, no Tojal e a capela de São Roque, que terá sido incorporada na
citada capela no século XIV. A velha igreja, em 1815, transforma-se em capela
do cemitério do adro e em 1833 são-lhe retirados os azulejos da capela-mor,
sendo definitivamente destruída em 1846, para ampliar o cemitério do adro.
Sem comentários:
Enviar um comentário