quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Pintor Francisco Vieira Matos

 

    


Francisco Vieira Matos (04-
10-1699 -- 13-08-1783)   conhecido por Vieira Lusitano,  terceiro filho de Francisco Vieira de Matos (fabricante de meias) e de Antónia Maria. Estava destinado pela sua família à carreira eclesiástica, mas desde criança revelou tal vocação para o desenho e foi para Lisboa estudar humanidades e pintura. O Marquês de Abrantes, D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses, embaixador em Roma, depois de que ver alguns dos seus trabalhos, levou-o consigo a 16 de Janeiro de 1712 para  estudar belas artes como   discípulo de Benedetto Luti  em Roma. O diário de bordo no navio em que fazia a  viagem turbulenta,  refere um violento temporal à  passagem ao largo de Cartagena (Espanha)  mas todos  chegaram salvos.  

       Voltou a Portugal 7 anos depois (1719) foi logo encarregado por D. João V para ser pintor seu pintor pessoal, e mais tarde do monarca D. José I.   Grande parte das suas pinturas desapareceram com o terramoto de 1755.

 

 

     D. Inês Helena de Lima e Melo e Francisco Vieira Matos estavam apaixonados um pelo outro, e ambos sofreram toda a vida por ser a sua primeira e única paixão das suas vidas.   

         A família de D. Inês opunha-se ao casamento considerar o pretendente ser de condição inferior. Mas o casamento realiza-se sem ninguém saber: Os dois namorados procuraram de todas as formas obter apoios… e por fim as licenças necessárias do patriarcado as para o consorcio se realizar por procuração, tendo sempre a resistência do pai, querendo levar a filha para o convento de Santana, obrigando-a a professar. D. Inês Helena protestou como sendo já casada “secretamente com Francisco Vieira Matos.”

      O pai de D. Inês Helena de Lima e Melo procurou uma audiência  ao rei e ao cardeal anuir o casamento.   Francisco Vieira Matos  tentou  por todos os modos para tirar a esposa da clausura.     “socorreu ao rei mas não foi atendido o seu pedido.” Revoltado, decidiu voltar a Roma a fim de pedir ao papa os breves precisos para a realização do seu desejo.

 

Mas por lá cinco anos em Roma, trabalhando, por um lado para obter a licença do Papa da posse de sua mulher, e por outro estudando para aperfeiçoar a pintura. Farto de esperar e não conseguir do pontífice aquilo que tanto ambicionava, deliberou o projecto de passar por cima de todas as leis civis e eclesiásticas. Arranjou meio de lhe chegar às mãos de sua esposa enclausurada uma veste de homem, que num dia, ao anoitecer, D. Inês foge da sua cela, passando pela abadessa, que não a reconheceu, saindo do mosteiro para se encontrar com marido num lugar desconhecido. Passados de amarguras e sacrifício puderam voltar a unir-se.

     Segundo conta a história: Não tardou que a fuga de Inês fosse conhecida no convento, e os parentes, ao saberem do facto, logo juraram que Vieira Lusitano não ficaria impune.

 

Um dos irmãos de Inês constituiu-se em vingador da honra da família supostamente ultrajada. Esperou o pintor próximo, da rua das Pretas, e desfechou sobre ele um tiro de pistola, ferindo-o gravemente.

       Quando Vieira Lusitano achou-se restabelecido, foi pedir justiça a D. João V contra o seu traiçoeiro agressor, mas nada lhe valeu, o monarca voltou a fazer ouvidos moucos e o criminoso fugiu do reino livremente, apoiado por influências poderosas do reino. Passados alguns anos, já reinava D. José I, o criminoso exilado, caído na miséria, viu-se na dura necessidade de ir mendigar o pão à casa da irmã casada com aquele que tentou assassinar. No entretanto, Matos Vieira, temendo uma nova tentativa de assassinato, retirou-se por algum tempo para o Convento dos Paulistas, onde em 1730 e 1731 fez trabalhos de pintura na sua igreja, e Viaja em 1733 para Roma, passando Sevilha onde passou algum tempo com a sua companheira. Quando D. José é aclamado rei a I 8 de Setembro de 1750 , manda-o chamar  para voltar ao reino português e,  nomeia pintor da casa real com o ordenado mensal de 60$000 reis.

        Quando se encontrava em 1775 no convento Mafra, enviuvou. Desgostoso pela perda da sua estremecida companheira, abandonou a pintura, e foi viver para o Convento Beato António, Congregação de S. João Evangelista, que resistiu ao terramoto de 1755, passando ali os últimos anos da sua existência.

 

 

 

 

 

 

 

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