Francisco Vieira Matos (04-10-1699 -- 13-08-1783) conhecido por Vieira Lusitano, terceiro filho de Francisco Vieira de Matos (fabricante de meias) e de Antónia Maria. Estava destinado pela sua família à carreira eclesiástica, mas desde criança revelou tal vocação para o desenho e foi para Lisboa estudar humanidades e pintura. O Marquês de Abrantes, D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses, embaixador em Roma, depois de que ver alguns dos seus trabalhos, levou-o consigo a 16 de Janeiro de 1712 para estudar belas artes como discípulo de Benedetto Luti em Roma. O diário de bordo no navio em que fazia a viagem turbulenta, refere um violento temporal à passagem ao largo de Cartagena (Espanha) mas todos chegaram salvos.
Voltou a Portugal 7 anos depois (1719) foi
logo encarregado por D. João V para ser pintor seu pintor pessoal, e mais tarde
do monarca D. José I. Grande parte das suas pinturas desapareceram
com o terramoto de 1755.
D.
Inês Helena de Lima e Melo e Francisco Vieira Matos estavam apaixonados um pelo
outro, e ambos sofreram toda a vida por ser a sua primeira e única paixão das
suas vidas.
A
família de D. Inês opunha-se ao casamento considerar o pretendente ser de
condição inferior. Mas o casamento realiza-se sem ninguém saber: Os dois
namorados procuraram de todas as formas obter apoios… e por fim as licenças
necessárias do patriarcado as para o consorcio se realizar por procuração,
tendo sempre a resistência do pai, querendo levar a filha para o convento de
Santana, obrigando-a a professar. D. Inês Helena protestou como sendo já casada
“secretamente com Francisco Vieira Matos.”
O pai de D. Inês Helena de
Lima e Melo procurou uma audiência ao
rei e ao cardeal anuir o casamento. Francisco
Vieira Matos tentou por todos os modos para tirar a esposa da
clausura. “socorreu ao rei mas não foi atendido o seu
pedido.” Revoltado, decidiu voltar a Roma a fim de pedir ao papa os breves
precisos para a realização do seu desejo.
Mas por lá cinco anos em Roma,
trabalhando, por um lado para obter a licença do Papa da posse de sua mulher, e
por outro estudando para aperfeiçoar a pintura. Farto de esperar e não
conseguir do pontífice aquilo que tanto ambicionava, deliberou o projecto de
passar por cima de todas as leis civis e eclesiásticas. Arranjou meio de lhe
chegar às mãos de sua esposa enclausurada uma veste de homem, que num dia, ao
anoitecer, D. Inês foge da sua cela, passando pela abadessa, que não a
reconheceu, saindo do mosteiro para se encontrar com marido num lugar
desconhecido. Passados de amarguras e sacrifício puderam voltar a unir-se.
Segundo conta a história: Não tardou que a
fuga de Inês fosse conhecida no convento, e os parentes, ao saberem do facto,
logo juraram que Vieira Lusitano não ficaria impune.
Um dos irmãos de Inês constituiu-se
em vingador da honra da família supostamente ultrajada. Esperou o pintor
próximo, da rua das Pretas, e desfechou sobre ele um tiro de pistola, ferindo-o
gravemente.
Quando
Vieira Lusitano achou-se restabelecido, foi pedir justiça a D. João V contra o seu traiçoeiro
agressor, mas nada lhe valeu, o monarca voltou a fazer ouvidos moucos e o criminoso
fugiu do reino livremente, apoiado por influências poderosas do reino. Passados
alguns anos, já reinava D. José I, o criminoso exilado, caído na miséria,
viu-se na dura necessidade de ir mendigar o pão à casa da irmã casada com aquele
que tentou assassinar. No entretanto, Matos Vieira, temendo uma nova tentativa
de assassinato, retirou-se por algum tempo para o Convento dos Paulistas, onde
em 1730 e 1731 fez trabalhos de pintura na sua igreja, e Viaja em 1733 para
Roma, passando Sevilha onde passou algum tempo com a sua companheira. Quando D.
José é aclamado rei a I 8 de Setembro de
1750 ,
manda-o chamar para voltar ao reino
português e, nomeia pintor da casa real
com o ordenado mensal de 60$000 reis.
Quando se encontrava em 1775 no
convento Mafra, enviuvou. Desgostoso pela perda da sua estremecida companheira,
abandonou a pintura, e foi viver para o Convento Beato António,
Congregação
de S. João Evangelista, que resistiu ao terramoto de 1755, passando ali os
últimos anos da sua existência.
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