quinta-feira, 27 de março de 2014

Públia Hortência de Castro

Públia Hortência de Castro
 Vila Viçosa, 1548 - Évora, 1595?

     Públia Hortência de Castro, primeira mulher licenciada e que falou em público, perante os homens mais eruditos do seu tempo.
     Na sua terra natal aprendeu as primeiras letras. Devido à inteligência e capacidade demonstrada, foi estudar sob a protecção do seu parente Arcebispo D. José de Melo, que a matriculou Universidade de Évora no curso de filosofia ainda com 17 anos de idade. Que já assombrava com as suas capacidades de raciocínio os seus doutos professores.
     Em 1571, prestou as provas finais para alcançar o grau de licenciada, tendo ficado célebre a sua argumentação, que impressionou fortemente as doutas personalidades que a inquiriram. André de Resende, seu mestre, que rendeu-se às qualidades da sua discípula espantado com a sua capacidade demonstrada. Mais tarde passou a estudar com o seu irmão na Universidade de Coimbra tendo aí estudado Retórica, Humanidades e Metafísica.
     Depois começou a defender as suas teses sujeitando-se a todas as críticas e interrogações. Embora tivesse publicado sob a cobertura do anonimato, é a primeira mulher com obra original em língua portuguesa de que há conhecimento.
     A grande capacidade cultural de Hortência de Castro chegou á corte portuguesa, e passou fronteiras, e chegou à Infanta Maria de Portugal, como sua leitora, com também passou a conviver nos Paço Real de Évora, e no Paço ducal De Vila Viçosa, palco de debates literários tertúlias, saraus de poesia, música e teatro, onde apareciam nobres de várias cortes europeias. Que competia com os maiores centros de cultura:
escorial de Paris e Bolonha. Depressa espalhou a notícia do prodígio, por entre os sábios estrangeiros dos círculos culturais de Espanha, França e Itália, que causou assombro e despertou a curiosidade das mais insignes figuras da época.
     Os Ditos de Hortência de Castro, trovas, vilancetes, sonetos, cantigas, romances, foram publicados, segundo se crê, pela primeira vez antes de ser monja, e depois, com reflexões morais.
     Como aconteceu com todas outras mulheres, antes e depois dela, geralmente ignoradas ou desprezadas pelos historiadores da filosofia e da literatura, com mais motivos de desinteresse do que desatenção como pareceram revelar
     Com o desastre de Alcácer-Quibir, e com o falecimento da infanta Maria de Portugal ocorrido á um ano atras, a cidade de Évora ficou nas mãos dos jesuítas e da santa inquisição. Públia com os seus 33 anos, solteira sem fortuna e poder, a sua cultura de nada servia no meio da magistralidade da igreja.

     Num alvará da torre do tombo datado em 1581, Públia Hortência de Castro, que continuava solteira recebe, do rei Filipe I de Portugal 15000 reis de tença anual para se sustentar e recolher-se no mosteiro dos Agostinhos de Évora com a sua solidão a escrever versos com cariz filosófica e religiosa. Faleceu no mosteiro com quarenta e sete anos, encontrando-se no mesmo lugar sepultada.

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