Públia Hortência de Castro
Vila Viçosa, 1548 - Évora, 1595?
Públia Hortência de Castro, primeira
mulher licenciada e que falou em público, perante os homens mais eruditos do
seu tempo.
Na sua terra natal aprendeu as primeiras
letras. Devido à inteligência e capacidade demonstrada, foi estudar sob a
protecção do seu parente Arcebispo D. José de Melo, que a matriculou Universidade
de Évora no curso de filosofia ainda com 17 anos de idade. Que já assombrava
com as suas capacidades de raciocínio os seus doutos professores.
Em 1571, prestou as provas finais para
alcançar o grau de licenciada, tendo ficado célebre a sua argumentação, que
impressionou fortemente as doutas personalidades que a inquiriram. André de
Resende, seu mestre, que rendeu-se às qualidades da sua discípula espantado com
a sua capacidade demonstrada. Mais tarde passou a estudar com o seu irmão na
Universidade de Coimbra tendo aí estudado Retórica, Humanidades e Metafísica.
Depois começou a defender as suas teses
sujeitando-se a todas as críticas e interrogações. Embora tivesse publicado sob
a cobertura do anonimato, é a primeira mulher com obra original em língua
portuguesa de que há conhecimento.
A grande capacidade cultural de Hortência
de Castro chegou á corte portuguesa, e passou fronteiras, e chegou à Infanta
Maria de Portugal, como sua leitora, com também passou a conviver nos Paço Real
de Évora, e no Paço ducal De Vila Viçosa, palco de debates literários
tertúlias, saraus de poesia, música e teatro, onde apareciam nobres de várias
cortes europeias. Que competia com os maiores centros de cultura:
escorial
de Paris e Bolonha. Depressa espalhou a notícia do prodígio, por entre os
sábios estrangeiros dos círculos culturais de Espanha, França e Itália, que causou
assombro e despertou a curiosidade das mais insignes figuras da época.
Os Ditos de Hortência de Castro, trovas, vilancetes,
sonetos, cantigas, romances, foram publicados, segundo se crê, pela primeira vez
antes de ser monja, e depois, com reflexões morais.
Como aconteceu com todas outras mulheres,
antes e depois dela, geralmente ignoradas ou desprezadas pelos historiadores da
filosofia e da literatura, com mais motivos de desinteresse do que desatenção
como pareceram revelar
Com o desastre de Alcácer-Quibir, e com o
falecimento da infanta Maria de Portugal ocorrido á um ano atras, a cidade de
Évora ficou nas mãos dos jesuítas e da santa inquisição. Públia com os seus 33
anos, solteira sem fortuna e poder, a sua cultura de nada servia no meio da
magistralidade da igreja.
Num alvará da torre do tombo datado em
1581, Públia Hortência de Castro, que continuava solteira recebe, do rei Filipe
I de Portugal 15000 reis de tença anual para se sustentar e recolher-se no
mosteiro dos Agostinhos de Évora com a sua solidão a escrever versos com cariz
filosófica e religiosa. Faleceu no mosteiro com quarenta e sete anos,
encontrando-se no mesmo lugar sepultada.
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